Atualmente, as pessoas estão cada vez mais conscientes sobre os desafios ambientais que enfrentamos, consequência da sobre-exploração e gestão desequilibrada das dádivas que a natureza nos oferece (evito chamar-lhes recursos naturais, pois por si só a linguagem já emprega um certo poder de subjugação de tudo o que é natural às necessidades dos seres humanos). Estes desafios ambientais, desde as alterações climáticas à perda acelerada da biodiversidade, pedem uma ação urgente, não só dos governos nacionais e instituições supranacionais, mas essencialmente das empresas que recebem essas dádivas e as transformam em produtos que a sociedade, cada vez mais exigente, consome. O papel das empresas passa por repensar os seus modelos de negócio, introduzindo os princípios da circularidade, mantendo os produtos mais tempo em circulação, evitando, assim, a produção de desperdício e reduzindo o consumo de água e de energia.
Na verdade, o conceito por trás da economia circular não é algo novo, mas existirá há cerca de 3,7 mil milhões de anos, quando os primeiros microrganismos apareceram na Terra. Toda a forma de vida é circular: nasce, cresce, morre e regressa à origem para renascer num novo ciclo. Pela integração e ligação que têm com a natureza, os povos indígenas têm este princípio muito claro. Eles respeitam a interligação e interdependência do ecossistema em que vivemos e assumem-se como parte de um todo. Qualquer desequilíbrio das partes terá um impacto negativo no todo. Um verdadeiro dominó.
Por isso, é cada vez mais urgente que as empresas percebam a relevância da circularidade e a integrem no seu business-as-usual, desde a ideia e processo de conceção do produto, passando por todo o seu ciclo de vida, incluindo o ciclo do resíduo. Por exemplo, relativamente à questão das embalagens, as quais integram o ciclo industrial e são consideradas recursos finitos, as mesmas têm um papel importante no nosso dia a dia, de proteção dos alimentos, de preservação das substâncias e até de maior comodidade nas nossas rotinas diárias. No entanto, devido à rápida urbanização, ao aumento do e-commerce e desenvolvimento de economias emergentes, estima-se um aumento considerável da pegada ambiental desta indústria ao nível global e torna-se imperativo uma aposta na Inovação e Desenvolvimento, para que todo o sistema seja circular por defeito.
A União Europeia, através do Pacto Ecológico Europeu , tem promovido a Economia Circular com um plano de ação lançado em 2020 , que endereça o design e produção dos produtos, promove a circularidade dos processos económicos e o consumo sustentável. Para além deste plano, a instituição alterou a diretiva de práticas comerciais desleais com o intuito de aumentar a transparência, exigindo das empresas informação sobre o ciclo de vida do produto, a sua durabilidade e reparabilidade. No que toca às embalagens, há uma nova proposta de regulamento que visa promover a reutilização das embalagens, incorporação de material reciclado na produção de embalagens de plástico, uniformização do sistema de rotulagem, entre outras medidas de integração da circularidade no setor para responder às necessidades do planeta e do bem-estar da sociedade.
Com vista a incentivar a criação de soluções circulares, a Novo Verde lançou uma nova edição do Novo Verde Packaging Enterprise Award, em parceria com a EY, um projeto inserido na área de Investigação & Desenvolvimento (I&D), que pretende fomentar a inovação no setor das embalagens e resíduos de embalagens. O projeto vencedor receberá um prémio de 25.000€ para a implementação de ações e melhorias estratégicas que promovam a economia circular. As candidaturas encontram-se abertas até dia 31 de março de 2023 e deverão ser submetidas através do site https://jmlabdesign.pt/nvpea22/.
Para mais informação visitar https://novoverde.pt/packaging-enterprise-award/.