Claro que a campanha eleitoral interminável em que entrámos – vamos dar de barato que não estamos mergulhados nela desde as últimas legislativas – afeta o andamento da economia. Acrescenta imprevisibilidade a um quadro que raramente é consistente em áreas como a fiscalidade ou o investimento, em políticas setoriais como as da habitação, transportes ou turismo, que mesmo em governos da mesma força política sofrem oscilações relevantes, consoante a titularidade da pasta ou a tática do momento.

Não sabemos quem comanda o quê até maio e, se as sondagens se cumprirem, pouco menos saberemos o que acontecerá num Parlamento fragmentado em que os diferentes líderes partidários se antagonizam. Haverá Programa de Governo, Orçamento do Estado? Desconhecemos. Até outubro não há como contar com decisões das autarquias, que só voltam a funcionar após as eleições, mais tarde nos casos em que se verificar mudança de gerência. Tudo sem acompanhamento, porque o mais alto dignatário da nação está de saída, com poderes limitados, e quem o substituir estará na mesma situação até ao verão de 2026.

O Estado representa 42,3% da economia – dados do ano passado – e a Administração Pública só funciona sozinha em recorrência. Portugal não é a Bélgica ou a Holanda, nem a Itália. Não é o aeroporto que fica adiado ou a privatização da TAP que é empurrada, olhemos para a saúde e imaginemos que ninguém toma qualquer decisão durante um ano, é esse o efeito.

Claro que os investidores olham para o que está a acontecer e sentam-se à espera ou procuram outras paragens. Se há coisa de que fogem é do risco, ainda por cima sem altas rendibilidades, da imprevisibilidade. Que é aquilo que estamos apostados em oferecer.