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Clevermee desafia crianças a aprender Matemática online: “Estamos abaixo da média no ensino da disciplina. Algo não está bem”

A startup vai receber em breve um novo investimento de 100 mil euros, relevou ao Jornal Económico o CEO. “Uma criança que pensa que é má a Matemática irá ser um adulto que toma decisões académicas e profissionais baseadas nessa ideia”, diz Mário Coelho.
22 Setembro 2020, 08h10

A startup portuguesa Clevermee lançou uma plataforma que desafia os paradigmas da educação em massa. Recorrendo à Inteligência Artificial, a ferramenta online disponibiliza apoio personalizado de Matemática para que cada criança do 4º ano possa aprender a disciplina ao seu ritmo e com as atividades que mais lhe interessam.

O projeto existe desde o verão do ano passado e nasceu com o objetivo de dar a todas as crianças um auxílio individualizado com uma única condição: que tenham acesso a um computador. Como? Através de uma biblioteca com base em machine learning que consegue, em tempo real, prever qual a próxima atividade com maior probabilidade de manter cada aluno interessado e a aprender Matemática.

A empresa, que recorre a Inteligência Artificial, recebeu um financiamento de 40 mil euros de um investidor privado para arrancar operações, mas prepara-se para colocar nos cofres mais 100 mil euros, desta vez de um fundo de capital de risco, relevou ao Jornal Económico (JE) o CEO, sem detalhar nomes.

Com este balão de oxigénio, a Clevermee pretende chegar ao segundo semestre do ano com 1000 alunos e em 2021 irá criar módulos de apoio para o 5º, 6º e 7º anos.

“Em todos os indicadores sobre o ensino da Matemática Portugal aparece abaixo da média da OCDE portanto algo não está bem. Mas por detrás dos indicadores estão as histórias pessoais e as consequências de não se gostar de Matemática. Uma criança que pensa que é má a Matemática irá ser um adulto que toma decisões académicas e profissionais baseadas nessa ideia. Quantas crianças desistem de ser astronautas porque pensam que são más a Matemática?”, questionou-se Mário Coelho.

O gestor considera que tanto o ensino presencial como o remoto estão hoje baseados “no curso para o aluno médio”, um tipo de educando que não existe. “Ninguém é o aluno médio. Para se ter apoio especializado ou se tem sorte – existe acesso a um professor muito bom – ou se tem dinheiro e se paga por apoio personalizado em explicações”, argumenta Mário Coelho ao JE.

O CEO da Clevermee diz que ainda é cedo para se perceber o efeito do confinamento no ensino da Matemática, mas acredita que haja um ponto negativo e um positivo: o aumento das desigualdades e o aumento das competências digitais. “Isto será muito problemático já que em Matemática os conceitos são construídos em cima de conhecimentos aprendidos anteriormente. Isto torna muito difícil a recuperação de alunos que não tenham passado o confinamento a trabalhar em casa com apoio dos pais”, explica.

A Clevermee foi ainda fundada pela diretora pedagógica Maria José Marques e pelo engenheiro informático Tiago Rodrigues, a quem se juntou uma equipa de mentores, entre os quais a Escola Superior de Educação de Lisboa, a Nova SBE, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a Core Angels Impact e a consultora Outfit.

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