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Clube de Produtores Continente investe meio milhão de euros com foco na sustentabilidade

Garantir uma oferta cada vez mais saudável e sustentável é o objetivo da MC (antiga Sonae MC) no que diz respeito ao investimento que vai aplicar no Clube Produtores Continente. Reforço também deverá fomentar as exportações de produtos cada vez mais apreciados lá fora como a Pera Rocha do Oeste e a maçã de Alcobaça.
21 Novembro 2024, 07h30

A MC, anteriormente designada Sonae MC, prepara-se para investir meio milhão de euros em todas as áreas que são trabalhadas no Clube de Produtores Continente (CPC), de acordo com informação avançada ao JE por Ondina Afonso, presidente do Clube criado em 1998.

Segundo esta responsável, o objetivo é canalizar esta verba para potenciar a produção sustentável e fomentar a biodiversidade, assim como a implementação de ações de capacitação que possam ajudar os membros do Clube no âmbito da sustentabilidade.

Neste contexto, o Clube pretende continuar a fomentar a “excelência e qualidade” dos parceiros, tornando-os relevantes também no contexto internacional. Produtos como a Pera Rocha do Oeste e a maçã de Alcobaça, e o reconhecimento de Elisabete Ferreira, responsável pelo ‘Pão de Gimonde’, membro do Clube galardoada como ‘World Baker of the Year’, são exemplos desse caminho.

Vão investir meio milhão de euros em todas as áreas em que o Clube Produtores Continente trabalha: como se vai concretizar esse investimento?

A MC vai investir cerca de meio milhão de euros em todas as áreas abrangidas pelo Clube de Produtores Continente, incluindo Frutas e Legumes, Charcutaria e Queijos, Padaria e Pastelaria, Talho, Peixaria, Vinhos e Transformação Agroalimentar.

O montante será direcionado para um conjunto de iniciativas que incluem o suporte à implementação de métodos de produção sustentáveis e a promoção de práticas que asseguram a preservação da biodiversidade. Adicionalmente, o CPC irá promover ações de capacitação junto dos produtores membros do clube, no âmbito da sustentabilidade.

O investimento está totalmente alinhado com o nosso compromisso para a sustentabilidade, estabelecido na Declaração para a Sustentabilidade do Clube de Produtores Continente, alinhada com o 12.º objetivo da ONU (produção e consumo sustentáveis), com a estratégia Europeia do Prado ao Prato (sistema alimentar justo, saudável e respeitador do ambiente), e, obviamente, com os compromissos da MC. O objetivo final é garantir uma oferta cada vez mais saudável e sustentável junto dos nossos clientes.

A chegada destes produtos a mercados internacionais é um importante aliciante para que o aspeto da sustentabilidade seja cada vez mais adotado pelos produtores?

O sistema de auditoria do Clube de Produtores do Continente é um dos instrumentos mais completos e rigorosos para garantir a qualidade e segurança alimentar, bem como assegurar boas práticas de produção. Este sistema tem, também, ajudado ao longo dos 25 anos de existência do CPC no posicionamento dos nossos produtores em mercados externos.

Além disso, a adesão à Declaração para a Sustentabilidade tem sido um impulsionador essencial para que os nossos produtores adotem práticas cada vez mais sustentáveis, tornando-os mais competitivos e alinhados com as exigências dos mercados externos. Ao participarem nos projetos de sustentabilidade, os produtores têm acesso a inovação e conhecimento especializado, permitindo-lhes atender aos padrões internacionais de produção sustentável.

Que produtos do CPC começam a ter grande implementação nos mercados internacionais?

Os produtos do Clube de Produtores Continente têm vindo a ganhar notoriedade e visibilidade, tanto a nível nacional como internacional. Um exemplo disso é o reconhecimento de Elisabete Ferreira, responsável pelo ‘Pão de Gimonde’, membro do Clube, que recentemente conquistou o prémio ‘World Baker of the Year’. Esta distinção reflete a excelência e a qualidade dos parceiros com quem colaboramos, reforçando a reputação do Clube de Produtores Continente no setor alimentar internacional.

Além disso, importa referir que, fruto desta relação de parceria, do cumprimento dos nossos referenciais e da partilha de conhecimento ao longo dos anos, muitos dos produtores do CPC são hoje exportadores e apresentam reconhecidos padrões de qualidade. Exemplo disso é a Pera Rocha do Oeste e a maçã de Alcobaça.

Que desafios se colocam à produção sustentável e como se adequam ao compromisso de ter preços competitivos num mercado com uma componente concorrencial tão forte?

O cumprimento de elevados padrões de qualidade e segurança alimentar, a adoção de práticas de produção sustentável que respeitam o equilíbrio dos ecossistemas e a responsabilidade ambiental e social fazem parte das premissas do Clube de Produtores do Continente. Um compromisso que é validado através de um sistema de certificação anual, que garante o cumprimento de indicadores rigorosos e a confiança dos clientes.

O compromisso com a sustentabilidade é essencial para qualquer empresa que atue no mercado, determinando que, atualmente, a colocação de um novo produto tem de estar alinhada com princípios de sustentabilidade e a preços democráticos. É com este foco que o CPC tem desenhado a sua atividade.

O CPC incentiva melhores práticas e fornece suporte aos produtores associados. Além disso, o CPC, enquanto plataforma de apoio à produção nacional, permite a partilha de conhecimento e a colaboração entre produtores, o que potencia a inovação, ajudando a manter a competitividade dos preços, mesmo num mercado altamente concorrencial.

Como é a relação dos produtores com o tema da sustentabilidade? Que evolução notam neste aspecto?

A relação dos produtores com a sustentabilidade tem evoluído consideravelmente desde a fundação do Clube de Produtores Continente, sendo um dos nossos pilares fundamentais.

Hoje, ser membro do CPC é assegurar o uso eficiente de recursos, o bem-estar animal, a conservação da biodiversidade e a redução do desperdício, isto é, garantir práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e económico.

A adesão à Declaração para a Sustentabilidade, por exemplo, é um reflexo deste progresso. Atualmente, os produtores membros do CPC veem a sustentabilidade não só como uma responsabilidade e compromisso, mas também como uma oportunidade para agregar valor aos seus produtos e ganhar vantagem competitiva. Esta evolução é resultado de um trabalho contínuo de formação e consciencialização promovido pelo Clube de Produtores do Continente, que facilita o acesso a conhecimentos técnicos e práticos sobre produção sustentável.

O investimento na Declaração para a Sustentabilidade do Clube de Produtores Continente já foi de 94 mil euros em 2024 (até setembro), quando em todo o ano de 2023 esse investimento foi de 60 mil euros. Como se justifica esta aceleração e em que medida é que este tema se torna fundamental para o CPC?

A intensificação do investimento na Declaração para a Sustentabilidade, que já totaliza 94 mil euros até setembro de 2024, em comparação com o valor total de 60 mil euros investido em 2023, evidencia a crescente relevância do compromisso do Clube de Produtores Continente para com a sustentabilidade. O aumento no investimento demonstra o nosso empenho em apoiar práticas de produção mais sustentáveis, alinhando os produtores nacionais com as exigências ambientais e sociais da Estratégia Europeia ‘Farm to Fork’.

Com 52 linhas de ação e numa abordagem colaborativa, estamos a apoiar os produtores nesta transição e, simultaneamente, a criar uma diferenciação no mercado, através de uma oferta de produtos mais sustentável e que não existe em mais nenhum operador. No futuro, o cumprimento destes critérios poderá ser determinante nas decisões de compra, reforçando a importância da Declaração como um compromisso essencial para o Clube de Produtores do Continente.

O CPC comprou mais de 8.300 toneladas em produtos com resíduo zero. O que é que isto significa e de que forma é que isto é uma vantagem para os consumidores?

A certificação “Resíduo Zero de Pesticidas”, obtida através da parceria com a ZERYA, representa um marco importante para o CPC, materializada já nas nossas lojas com frutas e legumes já certificados. Ao comprar mais de 8.300 toneladas de produtos com esta certificação, estamos a garantir que os nossos clientes têm acesso a alimentos livres de resíduos de pesticidas e que foram produzidos através de práticas agrícolas que protegem a biodiversidade e os solos.

Convém sublinhar que esta certificação é atribuída por entidades externas, envolvendo um rigoroso sistema de monitorização, desde a colheita até à entrega do produto final.

Foram já investidos mais de 41 mil euros para promover esta certificação, que demonstra o compromisso do Clube de Produtores do Continente em fornecer produtos de alta qualidade e ambientalmente responsáveis.

Ainda no que diz respeito ao resíduo zero, existe aqui um investimento superior a 41 mil euros: como é que se concretiza este tipo de investimento e em que medida será robustecido nos próximos anos?

Este investimento foi concretizado em vários ciclos de formação e consultoria dada aos produtores. De facto, estas ações de formação contínua dirigidas aos produtores, incluindo seminários com especialistas do setor, têm permitido uma constante partilha de conhecimento e rápida resolução de desafios que vamos encontrando no terreno. Esta formação é essencial, uma vez que a produção de alimentos certificados como “Resíduo Zero” requer elevados padrões técnicos e um eficiente controlo de pragas, bem como um uso de fitofármacos mais racional. Nos próximos anos, pretendemos robustecer este investimento, expandindo o programa para mais produtores e produtos, integrando, por conseguinte, mais hectares de produção.

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