Com a chegada dos dias frios de janeiro, manter a casa quente torna-se um desafio. O desconforto térmico é uma realidade partilhada por muitos.
De acordo com os números da Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2022-2050, entre um milhão e dois milhões de portugueses enfrentam pobreza energética moderada, e cerca de 700.000 vivem em situações severas. Aproximadamente 30% das habitações em Portugal não conseguem garantir um conforto térmico adequado. Uma questão que vai para além do desconforto e pode mesmo ser fatal. Anualmente, centenas de portugueses perdem a vida devido às condições térmicas inadequadas no interior das casas.
A pobreza energética continua a ser um desafio global, principalmente quando cerca de um terço das famílias não utiliza regularmente qualquer tipo de aquecimento, por dificuldades económicas. A resposta não está nos aparelhos móveis, elétricos ou a gás, nem no ar condicionado, mas sim em soluções arquitetónicas sustentáveis.
A reabilitação sustentável de edifícios, visando torná-los mais eficientes em termos energéticos por meio dos princípios da arquitetura bioclimática, apresenta-se como uma solução relevante. Conforme referido pelo arquiteto Victor Olgyay, autor do livro “Design with Climate”, um edifício sensível ao clima não se limita a resistir ao ambiente, mas sim a colaborar ativamente com ele.
A arquitetura bioclimática destaca-se ao incorporar princípios naturais e técnicas inteligentes na conceção de edifícios. Através do aproveitamento inteligente da luz solar, ventilação natural e escolha de materiais que garantam o conforto térmico sem comprometer o meio ambiente.
A utilização de materiais naturais, como madeira, pedra, terra, cânhamo e isolamentos à base de plantas, não só contribui para o conforto térmico, mas também para reduzir a pegada de carbono das construções.
Neste sentido, é crucial que o setor da construção em Portugal adote práticas que promovam uma melhoria significativa no conforto térmico das habitações, alinhando-se com os objetivos da arquitetura bioclimática. Além disso, o investimento em estratégias de reabilitação de edifícios já existentes, baseadas nos princípios da arquitetura bioclimática, requer a definição de políticas e programas que incentivem a reabilitação e a eficiência energética. Estes são fundamentais no combate às alterações climáticas.