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Com Itália a criar furacão nas dívidas europeias, Tesouro vai emitir Obrigações a 10 anos

O IGCP vai realizar, esta quarta-feira às 10h30, uma emissão de Obrigações do Tesouro com maturidade a 17 de outubro de 2028 e um montante indicativo entre 750 milhões e 1.000 milhões de euros. Colocação acontece depois de a ‘yield benchmark’ de Portugal ter ultrapassado os 2% pela primeira vez em quatro meses.
  • D.R.
10 Outubro 2018, 07h40

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP realiza esta quarta-feira uma emissão de Obrigações a 10 anos, numa altura em que Itália está a penalizar todo o mercado de dívida e no dia seguinte aos juros de Portugal terem tocado máximos de quatro meses.

O IGCP vai realizar, às 10h30, uma emissão de Obrigações do Tesouro (OT) a dez anos, ou seja, com maturidade a 17 de outubro de 2028, e com um montante indicativo entre 750 milhões e 1.000 milhões de euros.

Na última emissão comparável, realizada em 12 de setembro, o IGCP colocou 672 milhões de euros com uma taxa de juro de 1,854%. A procura das OT foi, na altura, 2,32 vezes superior à oferta. Desde então, as preocupações dos investidores em relação a Itália têm-se intensificado e contagiado os restantes países da zona euro, incluindo Portugal.

Ainda esta terça-feira, a yield da dívida portuguesa a 10 anos ultrapassou os 2% pela primeira vez em quatro meses. A equipa de research do Bankinter explica que a subida generalizada na Europa se deveu ao aumento do prémio de risco italiano.

“O primeiro ministro italiano (Salvini) e o seu parceiro de coligação (Di Maio) insistiram em avançar com um défice de 2,4% do PIB e alterar a política da UEM com vista às eleições europeias de maio 2019. O prémio de risco do país superou a barreira dos 300 pontos base e o FTSE MIB foi o índice que mais caiu no dia, penalizado sobretudo pela banca, devido à estreita relação existente entre o risco do país e o risco do setor. O euro depreciou para 1,149 dólares e houve uma “fuga” para as obrigações soberanas”, explicou.

Os juros da dívida portuguesa no mercado secundário acabaram por subir 0,7 pontos base para 1,975%. Em Espanha, o aumento foi de 0,9 pontos para 1,60% e, em Itália, houve uma correção de 9,2 pontos base para 3,476%. As Bunds alemãs a 10 anos agravaram 2 pontos base para 0,549%.

O IGCP vai ao mercado neste contexto, e depois do Ministro das Finanças ter defendido que a dívida pública portuguesa não é afetada pela desconfiança dos mercados face a Itália. Mário Centeno afirmou, no mês passado, acreditar que a pressão sobre Itália irá diminuir quando for conhecida a proposta orçamental para 2019, bem como que os juros da dívida portuguesa estão mais próximos da Alemanha e de Espanha do que dos de Itália.

“O pick-up recente das yields da Alemanha ainda tem espaço para continuar à medida que nos aproximamos do final do QE [programa de estímulos do Banco Central Europeu] e face à persistência de riscos inflacionistas”, explicou Steven Santos, head of trading platforms do BiG – Banco de Investimento Global, no mais recente outlook do banco.

“Na periferia, detectamos valor na dívida italiana – curva de rendimento aproximou-se da Grécia e descolou das curvas Ibéricas. Pensamos que grande parte dos riscos políticos já se encontram descontados no preço e acreditamos, face à realidade macroestrutural, nalgum espaço de normalização (descida das yields sobretudo no sweet spot da curva entre os 5 e 10 anos)”, acrescentou.

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