O comportamento da Europa foi esta segunda-feira contrário ao que foi observado no petróleo. Depois da cotação do ouro-negro ter afundado em virtude do acordo falhado entre OPEP e Rússia para o congelamento da produção, a matéria-prima esteve a perder mais de 6%, nada que contrariasse o grande apetite pelo risco relativo aos ativos do Velho Continente.
Apesar disso, Lisboa fechou a contrariar esse sentimento no continente europeu. O BPI continua a dominar a praça portuguesa. Por um lado a OPA do Caixabank recebeu luz verde da CMVM. Por outro, a promulgação do decreto-lei do governo que vai obrigar ao levantamento de qualquer limitação de votos nas assembleias gerais do setor bancário. Ficam assim assegurados os dois objetivos do banco espanhol na operação ontem lançada:
– Obter a maior parte do capital do banco BPI;
– Desblindagem da limitação de votos a 20%.
Ainda no setor bancário, o BCP tem sido altamente penalizado em virtude do negócio entre Isabel dos Santos e os espanhóis não se concretizar. Com elevada probabilidade, a empresária angolana não se irá desfazer da sua participação no BPI, inviabilizando o seu reforço na posição do BCP.
O setor da pasta do papel foi também penalizado na sessão de ontem sem que exista, para já, qualquer newsflow que justifique o movimento.
A abertura de hoje é feita, até ao momento, em alta com praticamente todas as praças europeias a negociar no verde. O ânimo que resulta da recuperação do preço do petróleo, conseguido à custa de uma greve de trabalhadores do setor no Kuwait, tem levado à recuperação dos setores mais deprimidos. O PSI20 consegue colar-se aos ganhos na Europa, apenas com Altri e Sonae Capital a negociar abaixo da linha de água.
Theranos: a empresa norte-americana está em apuros, sendo alvo de investigações por parte dos reguladores federais deste país, que pretendem verificar a veracidade das declarações feitas sobre os produtos que vende, nomeadamente na área de análises ao sangue. Em 2014, a fundadora desta empresa que detém 50% do capital, conseguiu financiar a Theranos em nove mil milhões de dólares.
Hyundai/Cisco Systems: a Sul-Coreana Hyundai juntou-se ao grupo de fabricantes automóveis interessadas em desenvolver computadores mais avançados que permitam uma condução sem interferência humana, associando-se à Cisco para desenvolver “automóveis inteligentes e hiper-conectados”. O CEO da empresa, Chung Mong-Koo declarou a semana passada que o grupo está em curso para atingir os seus objetivos anuais, e que esta estratégia de investigação e desenvolvimento irá permitir manter a competitividade nos anos vindouros, que serão altamente dependentes de tecnologia para o setor automóvel.
– As principais praças europeias abriram esta manhã com mais uma sessão de ganhos expressivos continuando com o bom momento que se atravessa. Como já foi referido ontem, o petróleo é o principal responsável pelas valorizações nestes últimos dois dias e mesmo afastando a possibilidade de o Irão se juntar ao congelamento da produção, o mercado negoceia na expectativa de que o preço do petróleo possa chegar aos 50 ou 60 dólares por barril. O desempenho da sessão asiática foi também um fator importante para a valorização do dia de hoje, visto que ajudou grande parte dos índices europeus a quebrarem as resistências que à muito estavam a ser testadas. Espera-se mais um a dois dias de valorizações para que depois possa haver o período com algumas correções técnicas.
– O PSI20 abriu em linha com as restantes bolsas europeias, no entanto, com ganhos mais tímidos que a generalidade das praças. Ontem foi um dia difícil para o índice português tendo sido o único índice que fechou em terreno negativo. Todos os problemas do setor bancário e a falta de entendimento para a entrada do banco espanhol no BPI têm contribuído para as desvalorizações constantes deste setor que depois se alastram para as outras cotadas do PSI20. Hoje o setor bancário parece estar a dar algumas tréguas ao índice português seguindo com uma ligeira valorização, o que indica a fragilidade deste setor. Com as recentes valorizações do petróleo, o título da Galp tem estado em destaque apresentando uma excelente valorização. Em destaque estão também os títulos da EDP, Mota Engil, Sonae, CTT e Pharol. Em sentido contrário temos apenas os títulos da Sonae Capital, Altri e Corticeira Amorim.
– As ações japonesas subiram nesta madrugada de terça-feira, o iene desvalorizou frente ao dólar americano e o salto dos preços do petróleo também ajudou o mercado a reverter o declínio acentuado do dia anterior. O Nikkei subiu 3,7% para os 16.874,44 pontos, ultrapassando assim, os 3,4% de queda que tinha registado no primeiro dia da semana.
– O apetite por ativos mais arriscados manteve-se estável depois dos preços do petróleo mostrarem um excesso de oferta global e os grandes exportadores recuperaram acentuadamente do dia dramático desta segunda-feira.
– As ações da Toyota recuperaram 3,9% dos 4,8% que registaram no dia de ontem, devido essencialmente, aos problemas na cadeia de fornecimento decorrentes de uma série de terramotos na ilha do sul do Japão de Kyushu.
– A Sony subiu 6,5%, o que significa uma grande recuperação dos 6,8% de queda que registou no dia anterior, que também resultou de interrupções de produção devido aos terramotos.
– O subíndice do Topix ligado às ações de seguros terminou a subir 4,4% após os 5,8% que registou no vermelho no dia de ontem. Devido aos acidentes naturais ocorridos, muitas empresas recorreram aos seguros para gerir o seu risco e as próprias seguradoras aproveitaram para recuperar do dia anterior. O Topix subiu 3,3% para terminar o dia nos 1,363.03 com todos os seus 33 subíndices em território positivo.
– Nas restantes praças asiáticas assistimos ao Shanghai Composite, da China, a registar uma subida de 0,30%, o Hang Seng, de Hong Kong, a subir 1,26%, o Kospi, da Coreia do Sul, a cair 0,05%, o Nifty, da Índia, a subir 0,82% e na Austrália, o S&P a subir 1,01%.
Por Pedro Ricardo Santos,
gestor da XTB Portugal
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