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Comissão Europeia antecipa os próximos cinco anos

A poucas semanas da votação para o novo Parlamento Europeu – que implicará uma nova Comissão – Juncker quer refletir sobre a Europa. Numa cimeira em Sibiu, Roménia, no Dia da Europa, 9 de maio.
© European Union , 2017 / Source: EC – Audiovisual Service
7 Maio 2019, 07h36

Numa altura em que se adensam as dúvidas sobre a União Europeia e o seu projeto – nomeadamente por causa do Brexit e da previsível entrada em força de partidos eurocéticos ou mesmo antieuropeístas na composição do próximo Parlamento comum – o presidente da Comissão, que está de saída, quer tentar manter alguns pilares sobre o projeto de União e convocou para 9 de maio, quinta-feira (Dia da Europa), uma cimeira na cidade de romena Sibiu.

Esta manhã, Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão, tomará parte numa conferência de imprensa onde estabelecerá alguns considerandos sobre o assunto – num quadro em que o Reino Unido não deverá estar presente.

A Comissão Europeia apresentou no passado dia 30 de abril o seu contributo para a próxima agenda estratégica da UE para 2019-2024. Nessa altura, o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker lembrou que “o dever de cada geração consiste em mudar o destino dos europeus, presentes e futuros, para melhor. Cumprir a nossa promessa de paz duradoura, de progresso e de prosperidade. Os desafios que os europeus enfrentam coletivamente não param de aumentar. Para que a Europa possa prosperar, os Estados-membros devem agir em conjunto. Continuo convencido de que só unidos poderemos encontrar a força necessária para preservar o nosso modo de vida europeu, apoiar o nosso planeta e reforçar a nossa influência mundial”.

A Cimeira de Sibiu foi convocada por Juncker no seu discurso sobre o estado da União de 2017, quando apresentou um roteiro para uma Europa “mais unida, mais forte e mais democrática”. Mas, em Sibiu, os 27 chefes de Estado e de governo, que vão refletir sobre as aspirações políticas da União e preparar a agenda estratégica para os próximos cinco anos, têm pela frente um debate sobre algo que parece estar bem menos sólido que o que acontecia quando Juncker falou sobre o estado da União em 2017.

É certo que o Brexit já estava previsto, mas o grau de implicações que irá motivar estava ainda longe de estar devidamente avaliado – imensas mentiras sobre a matéria continuavam a circular por todo o lado, algumas delas ‘maldosamente’ postas a circular pelos adeptos do Brexit duro. Agora, as perspetivas sobre a saída do Reino Unido, que não tem como correr bem (note-se que é o único cenário que está persistentemente fora da agenda de todos os implicados), são as de alavancar o arrefecimento global da economia e de impedir uma expansão mais rápida do agregado.

A juntar a isto, a Comissão tem agora pela frente o fantasma do aumento da votação europeia em partidos da extrema-direita antieuropeísta que – ao contrário da extrema-esquerda igualmente antieuropeísta – promete minar a própria União Europeia a partir do seu interior. Essa é, pelo menos a intenção expressa pelo italiano Matteo Salvini (líder da Liga) e pela francesa Marine Le Pen (líder do Reagrupamento Naciona).

É certo que a menos expressiva votação do espanhol Vox nas eleições antecipadas de há uma semana introduziram algumas dívidas sobre a verdadeira capacidade de crescimento da extrema-direita – e principalmente sérias dúvidas sobre um tema que a própria extrema-direita se preocupa em colocar em circulação: o voto escondido. Ou seja: haveria muitos europeus que preferem esconder a sua opção pelos extremos, pelo que a verdadeira votação nos partidos de extrema-direita seria muito superior à expressa nas sondagens. Em Espanha aconteceu precisamente o contrário.

Seja como for, Jean-Claude Juncker não deixará aos seus sucessores uma Europa mais coesa que aquela que recebeu das mãos de Durão Barroso.

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