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Comissão Europeia: Portugal tem “condições competitivas para a produção” de hidrogénio verde

A comissária para a Energia destacou hoje o “grande projeto” idealizado para Sines com o objetivo de construir uma central de produção de hidrogénio verde com o objetivo de exportar este gás para a Holanda.
  • Nasa – Unsplash
6 Outubro 2020, 18h17

A Comissão Europeia apontou hoje que Portugal tem “condições competitivas” para a produção de hidrogénio verde.

“Portugal apresenta condições favoráveis e competitivas para a produção de hidrogénio”, disse a comissária europeia para a Energia durante a conferência anual da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).

“Tem a localização geográfica, elevada penetração de renováveis no sistema elétrico, tem produção de baixo custo” e procura desenvolver “cadeias de valor de produção de hidrogénio, segundo Kadri Simson num discurso gravado em vídeo.

A comissária disse que “gostaria de convidar Portugal para continuar o seu papel ativo nas cadeias de valor de hidrogénio a ser criada na Europa”.

A comissária da Estónia destacou o projeto conhecido por Green Flamingo idealizado para Sines com o objetivo de construir um eletrolisador com cinco gigawatts que vai produzir hidrogénio verde para exportar via navio para a Holanda, precisamente a partir de fontes renováveis: eólica e solar.

“É um grande projeto e gostaria de ouvir mais sobre isso durante a presidência de Portugal do Conselho Europeu a partir de janeiro”, afirmou Kadri Simson.

A comissária também lançou um apelo a Portugal para “tirar proveito do Plano de Recuperação e Resiliência” para acelerar o caminho face às metas estabelecidas para 2030.

“Estes investimentos estratégicos contribuem para aumentar o emprego e a qualidade de vida”, segundo Kadri Simson.

Nas Grandes Opções do Plano, aprovado em Conselho de Ministros em meados de setembro, o Governo sinaliza que quer arrancar com o projeto de hidrogénio verde em Sines em 2021  e que vai apresentar uma candidatura a fundos europeus ainda este ano para este projeto.

“Dar-se-á seguimento dos trabalhos com vista à formação de um consórcio para a instalação de um ‘cluster’ industrial de Hidrogénio Verde em Sines, prevendo-se a apresentação de uma candidatura ao IPCEI [sigla em inglês para Projeto Importante de Interesse Europeu Comum] durante o segundo semestre de 2020 e início dos trabalhos de implementação do projeto durante 2021”, segundo o GOP, citado pela Lusa.

“Durante 2020, serão aprovados os procedimentos necessários aplicáveis às várias vertentes da cadeia de valor dos gases renováveis, incluindo o licenciamento de instalações e a regulamentação da injeção de hidrogénio nas redes de gás natural”, segundo o GOP.

O objetivo instalar uma unidade industrial de, pelo menos, um gigawatt (GW) até 2030, com o Governo a apontar que este investimento poderá “posicionar Sines, e Portugal, como um importante ‘hub’ de hidrogénio verde”.

O Governo português e o dos Países Baixos assinaram a 23 de setembro um memorando de entendimento para “afirmar a sua intenção de ligar os planos de hidrogénio de Portugal e dos Países Baixos para 2030”.

“O memorando prevê o desenvolvimento de uma cadeia de valor estratégica de exportação-importação, garantindo a produção e o transporte de hidrogénio verde de Portugal para os Países Baixos e o seu hinterland, através dos portos de Sines e de Roterdão”, segundo o comunicado na altura do Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC).

Segundo a tutela, “Portugal e os Países Baixos reconhecem a importância crescente que os gases renováveis, em particular o hidrogénio verde, irão desempenhar na descarbonização da Europa. Por conseguinte, ambos os países promoverão e incentivarão a cooperação institucional, para ajudar a desenvolver cadeias de abastecimento para a exportação de hidrogénio verde”.

A 27 de julho, a EDP, Galp, Martifer, REN e Vestas anunciaram uma parceria para avaliar a criação de um cluster industrial de hidrogénio verde em Sines. O projeto apresentado por este consórcio cumpre assim os requisitos necessários para poder integrar uma candidatura de Portugal, a ser apresentada em Bruxelas, aos fundos europeus.

Estas empresas, em conjunto com diversos parceiros europeus, propõem-se a avaliar a viabilidade do projeto H2Sines, que ” visa implementar um cluster industrial de produção de hidrogénio verde com base em Sines”, segundo comunicado divulgado na altura pela EDP.

Este projeto “compreende uma importante dimensão internacional, tanto pela vocação exportadora do projeto, como pela mobilização de parceiros com vasta experiência na cadeia de valor do hidrogénio”.

No comunicado a elétrica garante que, para garantir o equilíbrio financeiro do projeto, este deverá “desenvolver-se de forma progressiva, procurando otimizar a adequação dos volumes de produção de hidrogénio e do respetivo consumo, bem como a competitividade dos custos das tecnologias envolvidas”.

Numa primeira fase, vai ser lançado um projeto-piloto de 10 megawatts de eletrólise que ao longo da próxima década deverá evoluir para 1 gigawatt de capacidade de eletrólise “visando a prazo a instalação de cerca de 1,5GW de capacidade de geração de energia elétrica renovável para alimentação dos eletrolisadores”.

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