O futuro do trabalho, outrora um conceito abstrato, tornou-se uma realidade concreta de um dia para o outro.
Perante a crise espoletada pela Covid-19, milhões de organizações tiveram de dinamizar a sua força de trabalho para trabalhar a partir de casa. Embora tenha sido uma transição fácil para os que há muitos anos investem numa cultura de trabalho flexível e em tecnologia, para outros, o desafio era maior.
As empresas em todo o mundo estão a pensar em como garantir a continuidade, apoiar as suas pessoas e clientes neste cenário de crise, mas mais do que a resolução dos desafios do momento, temos também de considerar o “novo normal” que vai surgir.
A crise gerada pela Covid-19 vai contra os nossos preconceitos cognitivos naturais. Os nossos cérebros podem dizer-nos que “isto vai voltar ao normal”, mas este choque vai mudar a forma como pensamos sobre o trabalho para sempre. Tanto os senhorios como os inquilinos devem ponderar o alcance das consequências desta crise e como moldará as suas organizações a longo prazo.
Podemos assumir que um edifício seguro na era Covid-19 depende de serviços de limpeza constante, ar fresco e luz natural, mas também dependerá de uma série de tecnologias que temos resistido a implementar, forçando-nos a trocar alguma privacidade em troca de segurança.
A Covid-19 será combatida não só por epidemiologistas, mas por especialistas em IoT (Internet of Things), especialistas informáticos e analistas de big data.
Os empregados estarão, sem dúvida, relutantes em regressar ao escritório. Colocar a segurança no centro da sua estratégia, com a ajuda da tecnologia, irá encorajá-los a voltar ao edifício.
No entanto, olhando para o horizonte, é muito provável que a nossa experiência inesperada leve uma alteração radical da forma como as pessoas trabalham.
As organizações mais céticas descobriram que os seus trabalhadores podem trabalhar produtivamente a partir da mesa da cozinha, que as ferramentas digitais não são tão difíceis de usar, e que eventos em direto e reuniões online podem reduzir viagens desnecessárias, tempo, custos e emissões de carbono.
Sabemos disto há décadas. Depois de anos a ignorar as provas, as empresas estão agora a permitir que as pessoas experimentem o que funciona para elas, e o que não funciona. As pessoas estão a descobrir que podem escrever relatórios melhor a partir de casa, mas fazem melhor as avaliações de desempenho no escritório, por exemplo.
Já se observa que quando as pessoas voltam ao escritório, depois de meses desta experiência, não querem voltar para o seu antigo lugar. Verifica-se também que querem trabalhar metade dos dias em casa. E para a outra metade vão querer espaço para um trabalho colaborativo e criativo – e terão de estar com as pessoas certas para fazer esse tipo de trabalho. Ao usarmos a tecnologia para ligar o uso do espaço a outros fatores, tais como competências, projetos, equipas ou interesses pessoais, podemos criar clusters de pessoas com perfis complementares para fomentar a colaboração, produtividade e envolvimento.
A tecnologia ajudou-nos a manter a distância física, e pode desempenhar um papel fundamental para nos reconectar. Mas para isso, temos de levantar toda a informação sobre o local de trabalho para perceber o que realmente se passa nos espaços. Os dados podem ajudar-nos a identificar padrões e anomalias, e a descobrir novas oportunidades para criar ligações.
As relações mais fortes são forjadas em tempos difíceis. Senhorios e inquilinos que trabalham em estreita colaboração, partilhando dados, insights e custos, para criar edifícios seguros e saudáveis são aqueles que nos ajudarão a defender da Covid-19 e de outros inimigos invisíveis no futuro. Essas relações também ajudarão a criar comunidades de trabalho que deixam as pessoas mais felizes e saudáveis, menos solitárias e mais ligadas do que quando chegaram.