A aceleração tecnológica que assistimos nos últimos meses em virtude do surto pandémico não tem precedentes. A capacidade de adaptação que os diferentes agentes económicos tiveram para continuar a operar, nos mais diversos sectores de atividade, muitas vezes alterando o modelo de negócio e digitalizando as operações foi extraordinária.

Num estudo recente produzido pela EY, 23º EY Global Capital Confidence Barometer, 63% dos executivos de topo entrevistados referiram que a pandemia fez com que o seu foco estratégico e de investimento fosse direcionado para a transformação digital dos seus negócios, sendo que 25% reforçou que os drivers estratégicos que procuram numa aquisição são tecnologia, talento, capacidade diferenciadora de produção e startups inovadoras.

A tecnologia está presente no nosso quotidiano em diferentes dimensões e o contexto empresarial não é exceção. O papel da tecnologia é determinante para qualquer empresa ou setor ter sucesso. Eventualmente por esse motivo, quando questionámos os executivos de topo, no estudo referido acima, sobre como a pandemia impactou a sua estratégia de M&A; 19% responderam que tinham aumentado o foco em entender a resiliência e 18% referiram que era essencial confirmar qual era a estratégia digital e o alinhamento tecnológico com o negócio de cada um dos targets.

Acreditamos que estas respostas estão alinhadas com o contexto de inovação, evolução tecnológica e digitalização que experienciamos e que, por esse motivo, importa olhar para os negócios e targets com uma lente diferente, complementar à que fazíamos no passado. As IT Due Diligence têm a essa capacidade, pois permitem analisar o target através de diferentes prismas e aferir o impacto potencial positivo ou negativo no negócio, que outras análises não disponibilizam. As IT Due Diligences permitem identificar como é que o IT pode gerar valor (ou não), constituir-se como uma alavanca (ou um entrave) para entrar em novos mercados, aumentar o nível de proximidade com clientes ou aumentar a eficiência operacional através da otimização do backoffice e de disponibilização de informação critica para o negócio. As IT Due Diligences não podem ser conotadas como auditorias meramente tecnológicas ou técnicas, estas são uma aferição de como a tecnológica pode impactar o negócio nas suas mais diversas dimensões.

No nosso entendimento o âmbito das IT Due Diligences pode e deve ser diferente entre transações, pois a extensão e profundidade de cada uma depende sempre do racional inerente à transação e da motivação do investimento. Não obstante, entender o Core IT, estrutura organizacional e a forma como suporta o negócio é crucial para determinar, por exemplo, a materialização de potenciais sinergias, redução de custos ou alavanca para entrar num novo mercado, que podem influenciar, positiva ou negativamente, a valorização do target no momento da transação.

É por esse motivo que a metodologia que seguimos para as IT Due Diligences tem sempre em consideração o racional de cada transação e contempla mais do que análises técnicas ou tecnológicas, para nós o fundamental é determinar como é que a tecnologia impacta financeira (e.g.: EBITDA) e operacionalmente (suporte ao negócio e/ou alavanca de transformação) uma potencial transação e qual vai ser o valor gerado para o investidor.