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“Como é que vamos alimentar 10 mil milhões de pessoas em 2050?”

“Do business as usual para o business unusual” foi o mote da intervenção de Jorge Portugal, diretor geral da Cotec – Associação Empresarial para a Inovação.
16 Outubro 2019, 11h08

A assinalar o Dia Mundial da Alimentação, o Jornal Económico promove hoje, dia 16, uma conferência que terá como tema “Alimentar o Futuro”. Este evento é organizado em parceria com o Executive Board dos Food & Nutrition Awards (FNA), servindo de arranque à décima edição destes prémios que distinguem os projetos e os produtos mais inovadores na indústria agroalimentar e que serão atribuídos em janeiro.

A conferência conta com o apoio da Vieira de Almeida & Associados (VdA) e decorre no auditório desta sociedade de advogados.

“Do business as usual para o business unusual” foi o mote da intervenção de Jorge Portugal, diretor geral da Cotec – Associação Empresarial para a Inovação. Convidando ao difícil exercício de prever o futuro, Jorge Portugal começou por frisar que o acréscimo de mais 3 mil milhões de pessoas até 2050 (10 mil milhões de pessoas no total) o desafio passa por enfrentar maiores necessidades de produção alimentar que terá de aumentar em 50% (hoje esta produção atinge 14% de produção de gás estufa, utiliza 70% agua potável e 50% de terreno).

Também a questão da obesidade, um cenário que quase triplicou desde 1975, esteve em destaque neste debate. Em 2016 mais de 1.9 mil milhões de adultos estavam acima do seu peso, caminhando assim para aquilo que é considerado uma epidemia mundial, sobretudo nas sociedade ocidentais. “Mas é prevenível e está diretamente ligado à dieta e hábitos alimentares”, assegura o responsável.

Quanto ao capitulo do desperdício alimentar. nas sociedades ocidentais a cadeia de produção está muito eficiente (entre produção e distribuição, de alimentos perecíveis e não perecíveis) mas carrega o peso de ser responsável por melhorar o processo, ainda que tenha tornando o acesso à alimentação uma realidade de todos os dias, satisfazendo todas as nossas necessidades. O consumidor revela-se o menor dos protagonistas neste quadro, sendo que Portugal se fica pelos 26% na separação de bio resíduos.

A mobilidade e os desafios do movimento logístico revelam-se “um problema muito complicado mas interessante”, defende o responsável. Com a facilidade das apps em termos de deslocação ou da constante sugestão sobre o que comer, o futuro passa por novas métricas dos mais diversos players que podem pesar na tomada de decisão de cada um de nós sobre o que vamos comer. Podendo mesmo refletir se estamos conscientes e apoiamos a produção natural ou se apoiaremos a produção artificial ou ainda se vamos , por exemplo, optar por comer animais mortos acidentalmente nas estradas.

Sendo que o caminho, também na alimentação, será o da experiência, através de dispositivos que criam virtualmente sensações e ainda fornecem toda a informação sobre a sua composição, vamos no sentido de setor retalhista que estará bem diferente mas já adaptado à procura.

Certo de que “há muitos futuros e cada um de nós terá o seu”, considera que existem sinais e componentes que serão denominadores comuns a todos. Atualmente, há trabalhos, como o das startups, a trabalhar substitutos da carne, que mantém gosto, sensação e gosto. Outro exemplo, é a produção sintética e molecular de vinho que pode chegar até à produção whisky.

Num mercado que vale mais de 3 mil milhões de euros, o universo dos alimentos funcionais, grande parte criados a partir de resíduos, é identificado como um outro grande potencial no futuro da alimentação.

Como exemplo final, Jorge Portugal trouxe a japonesa OpenMeals, a qual criou uma lista de comida personalizada, através de uma impressora 3D, e que imprime o produto, especificamente de sushi, com base na tabela alimentar já criada.  esta empresa vai abrir nem 2020, em Tóquio, o primeiro restaurante assente na fusão do digital e de um estilo de alimentação que apesar de ser futuro, já está aí, no presente.

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