Em Portugal há, claramente, um défice de estímulo à poupança, especialmente para os pequenos aforradores.

Os indivíduos com uma capacidade financeira elevada têm acesso a produtos e serviços financeiros que os indíviduos com baixo rendimento não têm, sendo assim motivados para poupar e tendo benefícios por isso.

Parece-me evidente que, da mesma forma que está comprovado, por exemplo, que são as PME que são o motor da economia e não as grandes empresas e, por isso, requerem programas de apoio especiais públicos, também as poupanças dos pequenos aforradores deviam ser estimuladas de uma forma agressiva, nomeadamente na envolvente de hoje de taxas de juro historicamente baixas.

Pode dar-se como exemplo o que acontece na Grã Bretanha, Canadá e Estados Unidos da América. Neste último, os Republicanos estão a trabalhar numa nova lei, a implementar no curto prazo, que permitirá a criação de um novo veículo especial de poupança, o chamado Universal Savings Accounts (USAs), que, no meu entender, terá um enorme sucesso e será um grande gerador de capital.

Este plano permitirá, basicamente, que qualquer indivíduo adulto, independentemente do seu nível de rendimentos, possa colocar um montante máximo anual (a rondar os 5.000 dólares) neste veículo especial, permitindo que este capital cresça isento de impostos. O aforrador poderá, obviamente, investir este capital como bem entender, nomeadamente em depósitos a prazo ou na compra de activos financeiros como acções, obrigações ou outros activos.

Uma excelente característica destes veículos é que o capital acumulado pode ser resgatado a qualquer altura, por qualquer razão, isento de impostos e sem qualquer custo para o aforrador.

Na Grã Bretanha e Canadá já existem veículos similares, com um tremendo sucesso. A sua flexibilidade, nomeadamente nos resgates, faz com que sejam particularmente atractivos para indivíduos com baixos rendimentos, tendo estimulado significativamente a poupança.

Assim, além das vantagens anteriormente referidas, estes veículos contribuem para o crescimento económico do país e diminuem a desigualdade entre indivíduos com rendimentos mais baixos e os mais ricos.

Seria, portanto, no meu entender, importante que o poder político em Portugal olhasse para estes exemplos e implementasse soluções similares.