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Como funciona a Bityond, a primeira criptomoeda portuguesa

Devo investir em Bityond? A Deco reconhece as “vantagens óbvias” para uma empresa se financiar através das criptomoedas, mas alerta que o risco para os investidores é “muito elevado”. Saiba porquê.
6 Junho 2018, 13h03

Portugal lançou recentemente a primeira criptomoeda portuguesa, com o nome Bityond, mas, numa altura em que as moedas digitais estão ao rubro, a Associação de Defesa dos Direitos dos Consumidores (Deco) recomenda à contenção dos investidores. A Deco reconhece as vantagens para uma empresa se financiar através das criptomoedas, mas alerta que o risco para os investidores é “muito elevado”.

“Não é imediatamente óbvio o que é que a plataforma beneficia em estar numa blockchain em vez de simplesmente numa base de dados da empresa, como é o caso do LinkedIn. Não pretendemos contudo aqui analisar a plataforma da Bityond enquanto produto, que aliás está ainda numa fase incipiente. Vamos apenas analisar a posição de um investidor”, lê-se no portal da Deco.

Para aqueles que ainda não sabem de que se trata a Bityond, a Deco explica: “Chama-se Bityond mas nada tem a ver com a bitcoin. Trata-se na verdade de uma startup portuguesa que se financia através da emissão de moedas virtuais”.

A Bityond consiste numa plataforma de recrutamento para profissionais de IT (Tecnologias de Informação), inspirada no LinkedIn. Os candidatos inscrevem-se e identificam as suas competências na plataforma, que vai depois tentar fazer match com as competências necessárias para diferentes postos de trabalho. A startup consegue o seu financiamento através do pagamento de uma subscrição mensal pelos empregadores.

No entanto, a Deco sublinha que “a Bityond não está a lançar uma verdadeira criptomoeda, assente numa blockchain própria. “Está simplesmente a usar um standard técnico (ERC20) para criar um token, uma ‘ficha’ própria que usa a blockchain da rede Ethereum (provavelmente a criptomoeda tecnologicamente mais interessante)”, nota.

A Associação de Defesa dos Direitos dos Consumidores indica que, em termos de investimento em tokens, as vantagens para a Bityond são óbvias. “Para o investidor é que é mais difícil de perceber”, sublinha. Ao contrário do que acontece com as ações e obrigações, os tokens estão proibidos pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de dar ao seu detentor o direito a receber lucros ou algum tipo de rendimento.

O documento técnico da Bityond, White Paper, define que o investidor em tokens poderá receber mais tokens ao usar a plataforma, participar em sondagens sobre a direção futura do desenvolvimento da plataforma e investir em desenvolvimentos futuros da plataforma.

“Considerando que se aplica a todos os utilizadores da plataforma (é um chamariz para incentivar o uso), que a empresa não garante que seja vinculativo, a vantagem concreta de investir em tokens é poder investir ainda mais no futuro”, indica a Deco.

A associação considera, no entanto, que “este modelo só faz sentido se assumirmos que, levados pela euforia em torno das criptomoedas, os tokens se valorizem e portanto os investidores ganhem dinheiro ao vender no futuro os seus tokens”. “A única forma de ganhar dinheiro é esperar que os tokens valorizem por motivos necessariamente especulativos, já que como vimos os tokens em si mesmos não prometem nada. Assim, o nosso conselho é que fique afastado, não invista”.

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