Ondas e algoritmos podem não ter a ligação mais óbvia, mas têm mais do que possa parecer. Além do facto de que o sector do surf estar a investir cada vez mais em tecnologia para analisar performances e preparar os surfistas para as provas, há uma personalidade em especial que tem inspirado quem está em cima da prancha e quem está atrás dos ecrãs.
Garrett McNamara, o surfista norte-americano que deu uma nova vida à vila oestina da Nazaré, é um dos oradores principais na conferência “IDC Directions 2023”, que decorre esta quinta-feira no Centro de Congressos do Estoril, onde estão cerca de três mil participantes curiosos com as tendências tecnológicas em Portugal.
O country manager da consultora IDC, Gabriel Coimbra, convidou Garrett McNamara como analogia de transformação digital. Um exemplo que o country leader da Oracle para Portugal, Rodrigo Vasques Jorge, resumiu da seguinte forma: “O McNamara não inventou a onda da Nazaré, ela já existia, mas conseguiu perceber o verdadeiro potencial que aquela onde poderia dizer na vida dele. E conseguiu ser o primeiro recordista das ondas grandes da Nazaré, colocar a Nazaré no circuito mundial da World Surf League”.
“E obviamente, transformar a vila como um todo. Mais postos de trabalho foram criados, maior riqueza foi gerada e a Nazaré pôs Portugal no circuito mundial do turismo”, destacou o responsável pela subsidiária portuguesa daquela que é a segunda maior empresa de software do mundo.
O que Rodrigo Vasques Jorge queria dizer é que com a Inteligência Artificial (IA) está a acontecer o mesmo: existe há vários anos, não a podemos descrever como novidade, mas está a desenvolver-se, portanto primeiro estranha-se e depois, eventualmente, irá entranhar-se e trazer mais-valias.
“Porquê Portugal? Porquê a Nazaré? Admito que não estava no meu radar. Não era um sítio que estivesse à procura e ninguém no surf de ondas gigantes estava a olhar para Portugal como um país de ondas gigantes. Estava mais a olhar para a Austrália, para França…”, admitiu Garrett McNamara.
De repente, com um empurrão, percebeu que o sucesso podia estar no ‘remoto’ distrito de Leiria. “Estava muito interessado em ir para esses sítios e der repente recebo um email de um amigo, que até trabalhava na câmara, «Hey, McNamara, não queres vir cá à minha vila, ver as nossas ondas, perceber se são boas, grandes…?». Foi bom para a promoção. Sou um grande adepto de que somos tão bons quanto as nossas equipas”, afirmou o empreendedor de 56 anos.
Rodrigo Vasques Jorge citou ainda um estudo da Oracle – que tem parcerias com a Cohere e Nvidia – concluiu que em 2021 as empresas que alocavam mais de 31% do seu orçamento em tecnologia de IA era apenas de 19% e, “daqui a quatro meses, já no próximo ano”, essa percentagem aumentará para 49%, quase metade da amostra.
Reconhecendo que não se queria focar em produto, o representante da Amazon Web Services (AWS) neste evento achou inevitável explicar à audiência a dimensão destes grandes modelos de linguagem – no termo técnico L.L.M (Large Language Models), que são a base desta tecnologia de vanguarda, a IA generativa.
“Só para dar um exemplo da escala destes modelos. O Falcon 180B é um modelo que usou mais de três milhões de tokens em cima de cinco mil GPUs e o Sagemaker processou o equivalente a sete milhões de horas, o que é uma coisa tremendamente intensa”, afirmou Rodolfo Correia, responsável do segmento ISV (Independent Software Vendors) da AWS em Portugal e Espanha.
Rodolfo Correia deixou ainda um conselho às organizações que pretendem investir nesta área: aumentarem a escolha (terem mais modelos no portefólio) e apostarem numa infraestrutura personalizada e em serviços mais verticais para garantir que todas as suas necessidades são cobertas.
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