Um mistério que tardava a ser resolvido é o dos navios que estranhamente começam a andar às voltas no Atlântico Sul. Imagine o que seria estar na ponte do petroleiro Willowy, a oeste da cidade do Cabo, no passado dia 31 de maio, e ser-lhe dito que o navio estava a navegar em círculos, numa espiral, sem que pudesse ser controlado, que o mesmo acontecia com mais quatro outros e que estavam em rota de colisão.
O facto em si mesmo não é novo. O mesmo aconteceu episodicamente perto da costa chinesa e do estreito de Ormuz, o que se pensa resultar da interferência sobre os sistemas de posicionamento e navegação em GPS feita por chineses e iranianos. Isto porque todos os navios comerciais têm obrigatoriamente um sistema de rastreio por GPS, o Automated Identification System, que atribui uma identificação única a cada navio e segue a sua posição, rota e velocidade. Mas daí até ao Atlântico Sul vai uma distância considerável, o que joga contra a hipótese.
Outras falhas do GPS têm ocorrido em lugares a milhares de quilómetros da China ou do Irão, nomeadamente na proximidade de campos petrolíferos da costa Oeste dos EUA, mas a pôr navios a andar às voltas. Então, o que está a acontecer? Se não são os iranianos a tentar fazer os navios entrarem inadvertidamente nas suas águas territoriais ou os chineses a ocultar manobras dos seus navios pseudo-comerciais, o que se passa?
Uma nova explicação tem que ver com o campo magnético terrestre, que vem perdendo força nos dois últimos séculos. Esta perda não tem sido homogénea, e é mais forte numa faixa que se estende do sul de África ao Sul da América do Sul (o pleonasmo é apenas aparente), a Anomalia do Atlântico Sul. A maior fraqueza do campo magnético permite a maior penetração de partículas cósmicas, que atingem altitudes mais baixas. Tudo isto concorre para as perturbações que se vêm notando, e que prejudicam a navegação com compassos magnéticos.
No caso do Willowy, até o girocompasso primário terá falhado, sendo necessário recorrer ao secundário para ultrapassar o problema. Os cientistas, e particularmente os da Agência Espacial Europeia, estão preocupados com esta situação pois ela provoca perturbações nos satélites quando orbitam sobre a Anomalia. Outra razão é que pode estar em curso uma nova reversão dos polos da Terra – mas não há que estar preocupado, faltam no mínimo dois séculos para tal acontecer, além de que é uma coisa que ocorre a cada cerca de 250 mil anos.
Mas os cientistas têm agora outra pista, que permite compreender outra situação. Está aparentemente a desenvolver-se outra anomalia, a Anomalia da Europa Ocidental, sobre a Península Ibérica e particularmente sobre Portugal, com – desta vez – também implicações políticas. É esta Anomalia porque há algum tempo a oposição andas às voltas no nosso país.