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“Comprar casa para nós foi a pior experiência de sempre”

Em Portugal há cerca de um ano, a empresa gerida pelo casal alemão conta já com mais de mil clientes e 24 mil imóveis únicos registados, olhando para o nosso país como a sua ‘ostra’. Apesar de estar atenta ao mercado imobiliário a nível mundial.
3 Março 2019, 13h00

Mila Sukhareva e Nils Henning são um casal germânico que esteve  ligado à área da tecnologia desde 2003, através de uma empresa videojogos na Alemanha. Os dois co-fundaram e estiveram também envolvidos em várias startup e empresas de sucesso internacionais, como a BigPoint ou a KrediTech, uma das maiores fintech alemãs, com uma faturação de cinco milhões de dólares, e 300 funcionários.

Em 2011, o casal decidiu vender as suas ações na empresa, comprar um barco e viajar pelo mundo, enquanto pensavam no próximo projeto. E acabaram por escolher entrar no mercado imobiliário.

Assim nasceu a Casafari, uma plataforma com dados completos do setor imobiliário, que permite aos brokers, agentes e investidores obter os novos imóveis listados, controlar as reduções de preços, verificar todas as agências que listam uma propriedade e a que preço, e obter uma análise adequada do preço por metro quadrado e do preço de venda habitual na área.

Em suma, a Casafari identifica quando se trata do mesmo imóvel e disponibiliza toda a informação sobre o mesmo num único local e em tempo real, através de um algoritmo criado especificamente.

Em entrevista ao Jornal Económico, o casal alemão, que está em Portugal há cerca de um ano, revela a sensação do primeiro impacto com o setor imobiliário. “Não tínhamos qualquer experiência nesta área. Fícámos em choque com a forma como este mercado funciona. As dezenas de anúncios duplicados em várias plataformas tornaram as coisas muito complicadas”, afirma Mila Sukhareva.

A situação tornou-se ainda pior na hora de encontrar um espaço para viverem. “Comprar uma casa para nós foi a pior experiência de sempre”, refere Mila Sukhareva.

Uma experiência que foi vivenciada ainda antes da chegada a Portugal. O casal foi viver para Espanha, mais concretamente na cidade de Maiorca, onde inicialmente queriam investir. No entanto, a forma como o mercado imobiliário trabalhava no país vizinho não inspirou a maior das confianças no casal alemão.

“Existia uma certa intransparência, pois ninguém conseguia dar-nos um valor certo das casas através dos anúncios. Foi nessa altura que decidimos tentar perceber onde estava o problema. Uma agência imobiliária em Espanha tem dezenas de ‘janelas’ abertas de várias plataformas na internet. E o que elas faziam diariamente era atualizar essas ‘janelas’; nada mais”, explica Nils Henning.

Decidiram então viajar para  Portugal, onde sentiram de imediato diferenças em todos os aspetos. “É um país muito pequeno, as pessoas estão muito ligadas umas com as outras. Não esperávamos este tipo de abertura [dos portugueses] em relação ao nosso trabalho”, afirma Mila Sukhareva.

A relação com as empresas ligadas ao setor imobiliário não demorou muito. “Em cerca de seis, sete meses começámos a trabalhar com empresas como a Sothesby’s, Remax, Century 21 ou Engel & Völkers”, refere Nils Henning.

Na curta ligação que têm a Portugal, já têm mais de mil clientes.

A empresa tem já 24 mil imóveis únicos registados, sendo que as receitas são provenientes das subscrições.

Uma surpresa para o casal alemão, já que os contactos foram todos feitos diretamente e sem qualquer investimento financeiro ao nível do marketing. “Os clientes [portugueses] são de longe os melhores que já tivemos, porque nos dão todo o tipo de feedback que precisamos diariamente. Para nós foi uma grande surpresa descobrir o mercado imobiliário português e a forma como funciona”, explica Nils Henning.

Recentemente a Casafari deixou as instalações do LX Factory e mudou-se para a zona do Bairro Alto. A empresa conta com motores de busca em Espanha e no Brasil, sendo que “os objetivos para o futuro passam principalmente por construir e ter uma data base mais limpa do mercado imobiliário no mundo”, sendo que “Portugal é como se fosse a nossa ‘ostra’”, sublinha Mila Sukhareva.

Artigo publicado na edição nº 1975 de 8 de fevereiro do Jornal Económico

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