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“Computação quântica tem tudo para ser a próxima revolução tecnológica”

A Porto Tech Hub Conference vai receber este sábado um workshop de computação quântica. Em entrevista ao JE, Samuel Santos, vice-presidente da Porto Tech Hub, assume que a “intenção da associação é estimular o potencial do setor, promovendo o contacto com os temas mais relevantes e vanguardistas”.
Samuel Santos, vice-presidente da Porto Tech Hub
25 Outubro 2024, 14h30

A Porto Tech Hub já é um marco importante para a cidade do Porto. O que se pode esperar da 9ª edição? Quais os temas em destaque este ano?

A missão da Porto Tech Hub Conference é, no fundo, materializar no evento de um dia o que é a atuação da Porto Tech Hub: reunir o setor tecnológico, criar uma atmosfera favorável ao crescimento, promover o networking e partilha de experiências e conhecimentos, colocando os profissionais na linha da frente das tendências do mercado. Numa visão mais geral, todas estas vertentes convergem para o objetivo de dinamizar a cidade do Porto, e consequentemente a restante região Norte, enquanto centro tecnológico de excelência a nível global.

Nesta edição, à semelhança das anteriores, estamos a preparar uma curadoria intensiva dos temas mais relevantes dentro do setor, como por exemplo Inteligência Artificial, Computação Quântica, Cibersegurança, Cloud & Infrastructure, Data Science, Programação, Modern Web e Blockchain. Para tal, já contamos com um painel bastante completo, com quatro workshops de abordagem prática, cerca de 30 stands e mais de 25 palestras sobre os diversos temas.

A par disto, vão estar presentes empresas de renome no setor para garantir um dia de partilha setorial. Entre as várias presenças, teremos a Red Hat, Oracle, Amazon Web Services (AWS), Microsoft e Google e speakers como Alina Yurenko, da Oracle, Gavin King, da Red Hat, Sander Mak, da Picnic Technologies, Sheen Brisals, AWS Serverless Hero, Simon Brown, da Structurizr, Stephen Chin, da Neo4j, Alena Schmickl e Stephan Schiller, da AWS e Sander Hoogendoorn, da iBOOD.

Este workshop de computação quântica que vocês propõem é algo pioneiro em Portugal. Qual a importância deste tema e como é que ele se alinha com a missão da Porto Tech Hub?

A computação quântica está em linha para ser a próxima revolução tecnológica e tem tudo para ser o próximo grande salto desde a utilização de Inteligência Artificial (IA). A nossa intenção enquanto associação é estimular o potencial do setor, promovendo o contacto com os temas mais relevantes e vanguardistas. Por isso mesmo, este e outros workshops e palestras que teremos na nossa conferência estão alinhados com o objetivo de impulsionar a constante atualização de conhecimentos, aprendizagens e competências, para, assim, dar continuidade à nossa missão de fazer crescer o ecossistema tecnológico do Porto e posicionarmo-nos enquanto referência a nível nacional e internacional.

Pode explicar-nos, de forma simplificada, o que é a computação quântica e por que é considerada a próxima grande revolução tecnológica?

Numa visão mais geral deste campo de estudos, a computação quântica é um campo multidisciplinar que passa pela ciência da computação, da física e da matemática e que utiliza a mecânica quântica para resolver problemas complexos mais rapidamente do que em computadores tradicionais. Quando aplicados aos computadores quânticos, os princípios da mecânica quântica, oferecem uma velocidade exponencial em processamento, completamente diferente do que observamos hoje em dia com os computadores atuais – milhares de anos à frente, na verdade. Para levantar a ponta do véu sobre este tema vamos contar com o especialista Gavin King, que aprofundará e explicará o tema com um workshop interativo numa linguagem que poderá ser percetível mesmo por quem não tem conhecimentos e experiência prévia na área.

Em suma, o peso desta inovação prende-se com o facto de a computação quântica oferecer um novo paradigma de processamento de informação: é capaz de lidar com problemas extremamente complexos e de alta dimensão, que estão além das capacidades dos computadores atuais. O impacto da computação quântica pode ser tão intenso quanto o da revolução dos computadores clássicos, alterando fundamentalmente os mais diferentes setores.

Quais as principais aplicações da computação quântica no futuro próximo, e como ela pode transformar diversos setores?

Entre as principais aplicações promissoras da computação quântica estão a criptografia e a segurança da informação.  Pode, e vai, revolucionar vários setores, abrindo novas fronteiras tecnológicas e económicas. Para percebermos o seu potencial, acho importante usar alguns exemplos de áreas do nosso dia a dia em que a computação quântica vai ter um grande impacto como a saúde, a logística e a IA.

No setor da saúde, por exemplo, decerto que a computação quântica vai revolucionar o desenvolvimento de medicamentos, através da capacidade de simular interações moleculares complexas, que hoje é inviável em computadores clássicos, permitirá identificar novos tratamentos e desenvolver fármacos com maior rapidez e precisão, otimizando o tempo de descoberta e reduzindo custos.

Em logística e otimização, os algoritmos quânticos podem encontrar soluções mais eficientes para problemas como a gestão de cadeias de abastecimento, rotas de transporte e alocação de recursos. Assim, a computação quântica poderá trazer uma otimização sem precedentes em áreas como transporte, energia e gestão de infraestruturas, reduzindo custos operacionais e melhorando a eficiência.

Já na área de IA, a computação quântica tem potencial para melhorar o desempenho dos algoritmos de aprendizagem automática. Deste modo, grandes volumes de dados serão processados de forma mais eficiente, o que poderá transformar setores como a análise financeira, o reconhecimento de padrões e a automação de processos.

Além deste workshop específico, o evento vai ter outros interativos e ainda 30 palestras. Que tipos de profissionais esperam atrair e como é que estes conteúdos podem contribuir para o desenvolvimento do tecnológico local e nacional?

O teor da Porto Tech Hub Conference e os temas que são tratados pedem por um público muito envolvido no setor tecnológico. No entanto, as qualidades mais importantes são a curiosidade, a vontade de aprender e um interesse pelas novas tecnologias, bem como vontade de estar a par sobre o que é novo e relevante neste campo. É um dia de partilha de conhecimento e networking, pelo que ter interesse ou estar embrenhado no mundo tecnológico é essencial.

Grande parte dos speakers e empresas que vão estar presente são tecnológicas estrangeiras. É uma oportunidade para internacionalizar e colocar a cidade no mapa da inovação: mostrar que no Porto estamos a par das últimas tendências, queremos saber mais e aplicar nos nossos mercados.

Por outro lado, um evento desta dimensão em território nacional abre um leque de oportunidades para o talento, para a atração de empresas, o que se reflete na economia local e, por conseguinte, nacional.

Como veem a evolução do evento ao longo dos anos e qual o impacto para a cidade do Porto?

Desde 2015, ano da primeira edição, a Porto Tech Hub Conference já contou com mais de 5 mil participantes e 80 oradores, sendo que primamos pela qualidade dos oradores selecionados, trazendo especialistas de referência. Trouxemos, também, empresas de renome ao Porto como a Google, Amazon, eBay, Facebook, Spotify, Microsoft e Netflix. Ou seja, desde a sua criação, a Porto Tech Hub Conference tem evoluído em termos de dimensão, conteúdo e notoriedade. O evento começou com uma comunidade mais local e, com o passar dos anos, ocupou mais espaço e peso e tem atraído cada vez mais participantes internacionais. A juntar a isto, temos diversificado as nossas temáticas a cada nova edição, alargando a sua abrangência e cobrindo temas emergentes dentro do setor.

No fundo, a conferência consolidou-se enquanto plataforma central de partilha de conhecimento e networking, reunindo empresas, estudantes e profissionais de tecnologia. Naturalmente, reflete-se diretamente no impacto da cidade do Porto, ao reforçar a reputação enquanto um local atrativo para a fixação de empresas tecnológicas.

Ao trazer estes temas, empresas e speakers para a iniciativa estamos a colocar os olhos do setor na cidade, a promover a comunidade e a atrair empresas internacionais para nos conhecerem e o que por aqui se faz. Nesta ordem, isto beneficia bastante o talento local, potenciando as sinergias entre os profissionais qualificados e empresas interessadas, o que tem sido essencial na retenção e atração de talento qualificado.

Por último, mas de todo menos importante, desempenhamos um papel significativo na valorização da educação e inovação, inspirando a próxima geração de profissionais e estudantes a envolverem-se com as mais recentes tendências tecnológicas.

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