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Concorrência chumba venda da Nowo à Vodafone

Vodafone Portugal critica a falta da aprovação por parte da Autoridade da Concorrência, lembrando que a Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia autorizou a aquisição da Vodafone Espanha pelo fundo Zegona por 5,1 mil milhões de euros.
25 Março 2024, 12h11

A Autoridade da Concorrência (AdC) opôs-se à compra da Nowo pela Vodafone, avança o “Eco” e o “Jornal de Negócios”, citando três fontes familiarizadas com o assunto. A AdC aprovou o projeto de decisão, que dá um parecer negativo à operação de compra, o que torna mais improvável a fusão de avançar.

“As preocupações da AdC com a operação prendem-se com a pressão concorrencial que a Nowo atualmente exerce no mercado nacional das telecomunicações e que deixaria de exercer caso fosse adquirida pela Vodafone”, continua a Concorrência.

“A Vodafone lamenta e discorda do projeto de decisão hoje anunciado pela Autoridade da Concorrência (AdC) que, caso se confirme, inviabiliza a operação de aquisição da Nowo. Perde-se desta forma uma oportunidade para reforçar o nível de competitividade do mercado, que traria claros benefícios para os clientes e para o sector”, indica a operadora de telecomunicações.

“Ao longo de todo o processo, que se prolonga há cerca de um ano e meio, a Vodafone esclareceu sempre todas as dúvidas e procurou responder às preocupações levantadas pela AdC, com a apresentação de pacotes de compromissos. Se aceites, estes teriam permitido mitigar qualquer eventual reforço de posição no mercado, protegendo os consumidores dentro e fora do atual footprint da Nowo”.

“Não obstante, a AdC decidiu recusar as medidas propostas, no que se distancia surpreendentemente da prática consolidada da Comissão Europeia, que ainda há poucas semanas aprovou em Espanha uma operação de muito maior dimensão aceitando um pacote de compromissos substancialmente mais leve”, sustenta fonte oficial da Vodafone Portugal em comunicado.

Quando fala na operação de muito maior dimensão refere-se à aquisição da Vodafone Espanha pelo fundo britânico Zegona, que obteve ‘luz verde’ da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia há menos de dois meses por concluir que não existem razões suficientes para iniciar uma investigação aprofundada à transação.

A operação de 5,1 mil milhões de euros foi assessorada em termos jurídicos pela sociedade de advogados Gómez-Acebo & Pombo, que esteve ao lado da Zegona, em colaboração com a Travers Smith durante a aquisição e a Milbank Tweed no financiamento.

“O projeto de decisão agora conhecido, cujos fundamentos a Vodafone se encontra a analisar, a confirmar-se, inviabiliza o reforço do investimento da Vodafone no mercado nacional e é uma oportunidade desperdiçada para aumentar o nível de competitividade e inovação no mercado”, termina.

Aquisição anunciada em 2022

Importa recordar que a Vodafone Portugal anunciou a compra da Nowo a 30 de setembro de 2022, não revelando o valor do negócio.

Então liderada por Mário Vaz, que entretanto foi substituído por Luís Lopes, assumia que a compra permitia “aumentar a base de clientes, bem como a sua cobertura de rede fixa”, dado que a rede da Nowo chega a mais de um milhão de habitações: cerca de 900 mil casas (cabo e fibra ótica) e 150 mil casas (fibra ótica)

A AdC abriu uma investigação profunda à compra da Vodafone a 5 de abril do ano passado. A Concorrência admitiu dúvidas sobre se a operação ia resultar em entraves aos rivais que pudessem penalizar os consumidores.

Nowo admitiu encerrar atividade

No mês passado, a Nowo admitiu a possibilidade de encerrar atividade caso a AdC não viabilizasse a sua venda à Vodafone.

O presidente do Conselho de Administração da operadora, Miguel Venâncio, disse ao “Eco” que os 140 trabalhadores da empresa estão em risco de perder o emprego, além dos 360 empregados indiretos, até porque a MásMóvil se prepara para “desinvestir” em Portugal, deixando de ser “o parceiro industrial da Nowo” no país.

Com este desinvestimento, o gestor colocou este como um cenário real a acontecer. “Ainda não temos os cenários fechados, mas esse é um dos cenários que poderá vir a acontecer, que é o encerramento da Nowo em Portugal”.

Os últimos dados indicam que a Nowo tenha cerca de 132 clientes fixos no território nacional, que serão afetados caso a operadora encerre a sua atividade.

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