A adesão de 25 empresas ao Código de Boas Práticas da União Europeia para a Inteligência Artificial de Propósito Geral não é apenas simbólica, é um alerta. Num mundo que está a evoluir à velocidade da luz, a verdadeira liderança vai depender da confiança, e entre os signatários deste código encontrámos algumas das maiores tecnológicas globais que entenderam que a ética não é um mero ideal, mas uma vantagem competitiva.

Vivemos numa era de hiperconectividade onde a IA se torna tão omnipresente quanto invisível. Presente nos dispositivos que usamos e nas decisões automatizadas que nos afetam o que, simultaneamente, levanta preocupações profundas sobre privacidade, direitos de autor, manipulação digital e segurança sistémica.

O Código de Boas Práticas surge como uma bússola nesse cenário, estabelecendo princípios concretos para que empresas e cidadãos possam contar com estruturas mais transparentes, seguras e responsáveis. Contudo, aderir ao código exige coragem, auditorias rigorosas e uma gestão de dados eficaz para mitigar os riscos por parte das empresas. Por exemplo, alguns dos maiores players do mercado tecnológico global, como a xAI, optaram por aderir apenas à vertente da segurança. Por outro lado, a Meta decidiu não assinar, lembrando-nos que nem todos estão dispostos a formalizar compromissos éticos perante os atuais desafios da IA.

Neste momento, estamos perante uma chance de redefinir como olhamos para a inovação, não apenas como avanço tecnológico, mas como contrato social. A partir de agora, as empresas que investirem em transparência e responsabilidade estarão a construir algo que o mercado valoriza. E quando digo isto, não me refiro apenas à reputação. Refiro-me sobretudo à resiliência, nomeadamente a capacidade das empresas se adaptarem ao escrutínio regulatório e às exigências éticas que crescem entre cidadãos, clientes e investidores.

E porque vivemos num mundo cada vez mais interligado, onde deepfakes, identidades digitais manipuladas e fraudes online desafiam a nossa segurança, a confiança digital torna-se o verdadeiro campo de batalha. Quem conseguir garantir que cada identidade digital é segura, cada sistema transparente, cada processo auditável, será quem lidera a era da IA.

Por isso, defendo com convicção que a adesão ao Código de Boas Práticas da UE não é um simples gesto simbólico, mas sim, um investimento no futuro da confiança digital. Num mercado global cada vez mais competitivo e regulamentado, a capacidade de inovar com ética e responsabilidade será, muito provavelmente, o diferencial que separará quem lidera de quem acompanha.