Com o fim do confinamento e a reabertura da economia em quase todos os países durante o mês de maio, temos assistido a uma grande indefinição pela Europa fora quanto às áreas de atividade que devem recomeçar.
A certeza é que entre maio e junho, toda atividade económica volta para a rua. Com muitas incertezas, o que vamos encontrar são os níveis de confiança dos consumidores muito baixos, afetados pelo confinamento obrigatório, muitos pelo lay-off, outros pelo medo. As empresas vão ter de se adaptar a uma nova normalidade, se quiserem sobreviver.
Investir em medidas de segurança para proteger os seus colaboradores e, sobretudo, para fazer subir esse mesmo índice sem o qual não é possível gerar economia, assim como comunicar bem, recuperar esse valor – a confiança – que a Covid nos levou, por razões que só cada um saberá compreender.
Enquanto empresário, desenvolvo a minha atividade profissional em duas áreas: automóvel e tecnologia, num grupo que conta hoje com 343 colaboradores.
Durante os últimos 20 anos já passei por muitas crises, especialmente no sector automóvel. A mais violenta diria que começou em 2011 e durou dois anos, com o mercado a cair 70%. Para além do lay-off, fomos obrigados a despedir muitas pessoas. Foram tempos muito difíceis. Sem liquidez e com as linhas de crédito esgotadas, pensámos em fechar a empresa.
Porém, nunca desistimos. E fomos à procura de alternativas. Nessa altura, depois de uma viagem a Nova Iorque, o meu pai – com quem tenho o privilégio de trabalhar – chegou a Lisboa fascinado com a loja da Apple na 5ª Avenida.
Comecei a explorar a presença da marca em Portugal, constatando que estava mal representada: as lojas eram à época poucas e mal localizadas. Arriscámos. E em plena crise – dezembro de 2011 – abrimos a primeira loja. Hoje empregamos 103 pessoas em 10 lojas por todo o país, com um volume de negócios de 38 milhões em 2019.
A empresa ligada ao sector automóvel também sobreviveu, sendo atualmente uma referência importante de retalho automóvel no Algarve, empregando 240 pessoas e atingindo um volume de negócios de 71 milhões de euros.
Passo o meu testemunho para dar esperança a uma sociedade que está desconfiada, com medo, e sobretudo com falta de confiança.
São tempos desafiantes, requerem paciência e arrojo. Mas em todas as crises existem oportunidades. Saibamos pois olhar para além do agora. Saibamos olhar para além do medo, do imprevisto, do incerto. Como diria Elon Musk, fundador da Tesla e Space X, “no, I don’t ever give up; I would have to be dead or completely incapacitated”.