À medida que entramos num trimestre decisivo para o processo de reabertura e recuperação da economia global, o ritmo de implementação da vacinação varia de forma significativa de país para país. Dado o grande número de diferentes vacinas, contratempos na produção e distribuição, sem falar das tensões geopolíticas e das preocupações com a segurança, a implementação será perfeita em alguns países.

O estado da arte atual mostra que as principais economias que enfrentavam um sério aumento do número de casos de Covid-19, estiveram entre as mais rápidas a vacinar no primeiro trimestre de 2021. Os EUA estão a liderar o caminho entre as maiores economias do mundo, sendo que atualmente 39% da população tomou pelo menos uma dose de uma vacina.

Na Europa, o processo de vacinação decorre em duas velocidades diferentes. Embora tenha ganho ritmo no Reino Unido (48,39% da população já tomou uma dose), na União Europeia a vacinação está a ser bastante mais lenta, com apenas 18,7% da população com pelo menos uma dose de uma vacina tomada – causado por vários problemas relacionados com o processo de aquisição, distribuição e segurança dos medicamentos. Por fim, na China, o processo parece também ser mais lento (12% da população tomou a vacina), refletindo muito provavelmente o menor incentivo decorrente do baixo nível atual de infeções.

Enquanto o mundo luta para erradicar o ciclo da pandemia, a inflação trouxe de volta receios de alterações inesperadas na política monetária, especialmente nos EUA. A inflação deverá subir nos próximos meses, principalmente devido a uma subida forte dos preços do petróleo e aos efeitos de base, que deixaram as leituras de inflação em níveis muito baixos. Consideramos, contudo, que esta será uma discussão mais para o final do ano, ou início de 2022.

Neste momento são necessárias mais evidências, especialmente da retoma da atividade na fase pós-Covid, e do mercado de trabalho à medida que se for dissipando o efeito de base, e a verdadeira rigidez nos mercados de trabalho for ficando mais visível – e veremos qual será o verdadeiro poder de negociação para aumentos salariais. No entanto, os investidores acompanharão de perto a inflação e os mercados não deixarão de incorporar a evolução da mesma como um risco importante no futuro.

No entanto, o mundo parece estar a caminhar na direção certa. Na verdade, a economia global parece preparada para uma recuperação sólida do crescimento em 2021. O segundo trimestre trará mais visibilidade para isso, à medida que a vacinação se for tornando mais abrangente e ganhar um ritmo mais acelerado, principalmente nas economias mais relevantes do mundo.

Isso permitirá mais confiança numa primeira recuperação mecânica sincronizada nos próximos três meses, que irá projetar uma recuperação significativa no crescimento médio anual do PIB em 2021. O caminho do crescimento global não será direto e deverá até ser marcado por incertezas e desigualdade – por exemplo, com taxas de crescimento variando enormemente entre as economias e dentro delas. Ou seja, será uma árdua caminhada para a recuperação.