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Conservadorismo dos investidores portugueses aumentou procura por ETF da BlackRock

Apesar de os fundos de investimento serem mais comuns para a maioria dos investidores, o ‘head of sales’ para a Península Ibérica da BlackRock considera que os ETF são mais simples e que os clientes gostam de saber que estão a investir “num veículo transparente, líquido, simples de entender e fácil de monitorizar”
3 Outubro 2018, 07h30

Os últimos anos têm sido de expansão global para a BlackRock, tanto no setor dos fundos de investimento como dos exchange-traded fund (ETF). Em Portugal, o conservadorismo dos investidores e o regime fiscal têm sido fatores que têm levado a um aumento da procura por ETF, segundo explicou o head of sales para a Península Ibérica da BlackRock, André Themudo, em entrevista ao Jornal Económico.

“É verdade que os clientes portugueses de retalho são mais conservadores que outros clientes, como os espanhóis ou outros europeus, mas justamente por isso penso que a adoção de ETF tem sido crescente. Em Portugal, há algumas plataformas que comercializam ETF e penso que os clientes gostam de saber que estão a investir num veículo transparente, líquido, simples de entender e fácil de monitorizar”, explicou Themudo.

Apesar de os fundos de investimento serem mais comuns para a maioria dos investidores porque os ETF são produtos mais recente e criam alguma desconfiança, o head of sales da BlackRock considera que são mais simples porque o objetivo é dar a mesma rentabilidade e o mesmo perfil de risco e retorno do que um índice acionista.

“Penso que é muito mais fácil a partir do momento em que percebemos o funcionamento de um ETF do que um fundo. Além de ter uma transparência muito maior que um fundo”, referiu. “Ainda não estamos ao nível dos EUA, mas penso que para lá caminharemos. O nosso esforço, a nível comercial, é ajudar os clientes a perceber os benefícios de um ETF e para quem é que faz sentido, dependendo do que o investidor quer. Não digo que um é melhor que o outro, simplesmente são produtos diferentes”.

Por exemplo, no caso de um fundo na Europa de ações que tenha uma performance acima do índice benchmark, considera que é preferível um fundo a um ETF. No entanto, nos EUA, onde os fundos não têm capacidade para oferecer um retorno de longo prazo consistentemente mais favorável que o S&P 500, aponta para as vantagens dos ETF. “Penso que há espaço para os dois crescerem”, disse Themudo.

ETF e gestão alternativa são os motores de crescimento da BlackRock

A BlackRock, maior gestora de fundos de investimento do mundo, oferece fundos de gestão ativa e tem também uma grande componente de indexação, ou seja, ETF e fundos indexados. Nos cinco últimos anos, tem vindo a assistir a um crescimento “bastante grande” da utilização de ETF, por parte de investidores globais.

Enquanto numa primeira fase, este tipo de instrumentos foi mais pedida por clientes institucionais, hoje em dia, a abrangência dos produtos é muito maior, “o que faz também com que nos estejamos a abrir muito mais para o canal de wealth, de retalho, de private banking e de clientes particulares”.

“Esta foi a tendência e o motor de crescimento da BlackRock nos últimos anos: uma cada vez maior utilização de ETF por gestores de carteira, institucionais e retalho”, referiu Themudo.

No segmento da gestão ativa, o motor de crescimento foram os fundos de gestão alternativa. “Mais que os fundos de ações e obrigações normais, as condições económicas em que vivemos e a volatilidade que temos vindo a assistir foram catalisadores para este crescimento da procura por produtos de investimento de gestão alternativa”, disse, apontando tanto para produtos harmonizados como produtos com menor liquidez, como hedge funds.

“Pelas características dois produtos, normalmente hedge funds são mais procurados por gestores institucionais, que podem assimilar com maior facilidade a ilíquidez que um cliente particular”, explicou.

Comprar indexação e fundos que aportem carteira

“Essa tem sido realmente a tónica do mercado e é por aí que continuará a tender”, afirmou. André Themudo que a BlackRock é das poucas gestoras de ativos que tem as duas ofertas: beta e alpha, ou seja, gestão ativa e passiva.

Representar a forma como os fluxos se movimentam como um relógio de areia, onde o cimo é o alpha (fundos que aportam valor, superam o benchmark de forma recorrente, multi-ativos, flexíveis e que se comportam bem em qualquer altura) e nesse segmento registam fortes fluxos de entrada. Por outro lado, o lado inferior do relógio de areia é a parte do beta – ETF e fundos indexados – em que têm visto “uma procura gigante nos últimos anos”.

“Estes dois pontos opostos têm captado muitos fluxos não só na BlackRock, mas em toda a indústria da gestão de ativos a nível mundial. Onde realmente vemos saídas é na parte do meio: naqueles fundos de gestão ativa com pequena liberdade de se despegarem do benchmark (não superam, mas também não se afastam muito) e com comissões altas. Aí vemos saídas incríveis”, assinala.

“Portanto alpha por um lado, beta por outro. Mas os investidores cada vez têm mais informação e estão a sair desse tipo de estratégias. É o que chamamos de Barbell strategy: comprar indexação por um lado e comprar fundos que aportem carteira, por outro. É a tendência da BlackRock mundial, europeia e local, em Portugal, e penso que é também a tendência global que se vê na gestão de ativos”, acrescentou.

 

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