As bases de dados da Mergermarket e do diretório TTR, consultadas pelo Jornal Económico, apontam para cerca de 350 transações envolvendo empresas portuguesas, num valor global que supera os 22 mil milhões de euros (não estando aqui incluída a OPA lançada pela CTG sobre a EDP, que ainda está em curso e cujo desfecho é incerto).

Este valor, que, segundo o TTR representa um crescimento de 76% face ao ano anterior, deveu-se em grande parte ao dinamismo do mercado imobiliário português, que continuou a atrair investidores de além fronteiras. O TTR lista 90 grandes negócios de M&A no imobiliário em Portugal (com a compra de sociedades detentoras de imóveis), o que representa uma subida de 27% em termos homólogos. Outro sinal dos tempos foi o crescimento de 68% no número de operações nos setores do Turismo e Hotelaria. Por sua vez, setores como Tecnologia e Financeiro tiveram crescimentos mais modestos no número de deals, com subidas homólogas de 3% e 6%, respetivamente.

A grande maioria das operações passou pela compra de ativos portugueses por grupos estrangeiros. Exemplos disso são três das principais operações que ocorreram em Portugal no ano passado: no setor financeiro, a compra da unidade portuguesa do Deutsche Bank pelo grupo espanhol A Banca, por um montante não divulgado; nas infraestruturas, a aquisição das torres da Altice pela Horizon Equity/Morgan Stanley, por 660 milhões de euros, que foi assessorada pela PLMJ (comprador) e pela Vieira de Almeida (vendedor); e, no imobiliário, o grande negócio do ano foi a venda do Lagoas Park ao fundo Kildare, pela Teixeira Duarte, por 375 milhões de euros. A Uria Menéndez – Proença de Carvalho assessorou o comprador, ao passo que a Morais Leitão apoiou a Teixeira Duarte.

Segundo Francisco Xavier de Almeida, sócio de Corporate da CMS Rui Pena & Arnaut, na atual conjuntura as empresas optam pelas aquisições devido às “modestas” perspetivas de crescimento económico e ao facto de o BCE manter a política de estímulos, que facilita o financiamento das aquisições e incentiva a tentar encontrar investimentos mais rentáveis.

Esta conjuntura tem sido favorável às sociedades de advogados, aos bancos de investimento e às firmas que prestam serviços de assessoria financeira às empresas que protagonizam os movimentos de consolidação. No mercado português, são utilizados dois rankings para aferir quais os assessores mais ativos: o da Mergermarket e o do TTR. De acordo com o ranking da Mergermarket, que identifica apenas as grandes operações (e, por isso, é menos exaustivo), a PLMJ foi o escritório que mais negócios de M&A assessorou em 2018, com um total de 13 deals no valor de 1,6 mil milhões de euros (ver infografia). Em segundo lugar, por número de operações, surge a Morais Leitão, com nove negócios no valor de 26,4 mil milhões de euros. Este número significa que a Morais Leitão lidera em termos de valor das operações, sendo que a firma liderada por Nuno Galvão Teles apoia a EDP na OPA chinesa, que está incluída neste montante.

O número de firmas portuguesas no ranking é escasso. Além da PLMJ e da Morais Leitão, integram a lista da Mergermarket a Vieira de Almeida, a Raposo Bernardo (que assessorou a Icelandair na privatização da companhia aérea de Cabo Verde TACV e a compra da Siversea Cruises pela Royal Caribean), a Serra Lopes Cortes – Martins (que apoia a CTG na OPA sobre a EDP), a RPR Advogados e a SRS Advogados. As firmas ibéricas, com sede em Espanha mas com escritórios em Portugal, filipe alves

Na sequência de um excelente 2017, o ano de 2018 voltou a registar máximos anuais de crescimento com uma movimentação anual de 22,6 mil milhões de euros, um crescimento de 76% face a 2017, mas com uma ligeira quebra no número de operações (fonte: Transactional Track Record – TTR).

Tal como em 2017, o segmento imobiliário assumiu um papel de destaque como o mais ativo no ano, posição que se mantém desde 2015, sendo secundado pelos sectores de tecnologia (40 transações), banca e seguros (37) e turismo, hotelaria e restauração (32).

O ano de 2018 marca definitivamente a abertura do mercado de M&A português aos investidores internacionais. Na sequência da fase pós-crise financeira, em que o mercado português ficou essencialmente tomado por investidores nacionais, os anos mais recentes demonstraram um retomar da atenção do nosso mercado por parte de investidores internacionais, sendo o ano de 2018 o ano de consolidação desta tendência e a demonstração que a mesma veio para ficar.

Na generalidade das transações competitivas no mercado nacional temos investidores internacionais a competir por ativos em território português, as visitas de fundos internacionais em exploração do mercado português são recorrentes e os números de 2018 apenas consolidam esta tendência com 160 operações Inbound efectuadas. Por outro lado, observamos um crescimento sustentável de transacções Outbound (49 operações concluídas) demonstrativo do crescimento do tecido empresarial português e da sua capacidade de concretizar operações em outros mercados.

Na EY temos acompanhado com particular interesse, e muito envolvimento, esta consolidação do mercado Português de M&A e através dos últimos estudos realizados sobre esta temática, o EY Global Corporate Divestment Study 2019 e o Global Capital Confidence Barometer, constatamos que a generalidade dos investidores continuam confiantes na melhoria do desempenho económico mundial, apesar de algumas incertezas com as recentes iniciativas de guerras comerciais ou as decorrentes do Brexit.

Neste sentido, a EY tem apostado numa clara diversificação dos serviços de consultoria financeira, quadruplicando a nossa equipa de Transaction Advisory Services e oferecendo uma abordagem integrada às necessidades dos nossos clientes, apoiando em todo o processo de gestão do seu capital, desde a fase de originação até ao apoio na execução e conclusão de operações com os nossos serviços de Estratégia, Due Diligence nas suas variadas componentes, Avaliação de empresas, Restruturação financeira e assessoria em todo o processo de M&A.