[weglot_switcher]

Consumidores querem eletrodomésticos mais eficientes

Um produto mais eficiente é também mais amigo da carteira. Grandes ‘players’ procuram incorporar formas de tornar os seus catálogos energeticamente mais eficientes para responder à elevada procura.
18 Abril 2020, 19h30

Nas palavras do Comissário Europeu para a Ação Climática e Energia, a melhor energia, a mais barata e a mais limpa é aquela que não se gasta e a que deve ser priorizada não só pelos fabricantes como também pelos consumidores.
Contrariar a nossa dependência dos combustíveis fósseis e investir em energias alternativas é um bom começo.

Melhor ainda seria reduzir significativamente o nosso consumo diário de energia. Porém, essa ambição pode ser difícil de pôr em prática devido ao isolamento profilático que agora vigora. Mas importa não esquecer que há maneiras de contornar essa tendência.

Uma delas passa por escolhermos equipamentos energeticamente mais eficientes. O Jornal Económico (JE) falou com três dos maiores fabricantes mundiais de eletrodomésticos, com operações em Portugal, e a resposta foi unânime: o interesse do consumidor português por equipamentos mais amigos do ambiente tem vindo a aumentar. Não só porque reduz o consumo energético em casa, como também alivia a pegada ambiental do consumidor.

Um estudo da Nielsen (2017) confirma essa tendência a nível global: cerca de 76% dos consumidores procura ativamente novas maneiras para tornar a sua casa mais eficiente nos próximos três anos.

“É inegável que, cada vez mais, os consumidores portugueses procuram equipamentos energeticamente eficientes que lhes permitam poupar nas contas da eletricidade e, assim, poupar o ambiente”, explica Hugo Jorge, diretor de Marketing da LG em Portugal, ao JE, que realça o objetivo da empresa sul-coreana de reduzir as emissões de carbono nas unidades globais de produção de cerca de dois milhões de toneladas registados em 2017, para 960 toneladas até ao final de 2030.

Já Henrique Pereira, Diretor Comercial de Eletrónica de Consumo da Samsung, avança ao JE que a procura por soluções mais eficientes em Combinados A+++ tem vindo a crescer entre os seus produtos, tendo ultrapassado os 60% nos últimos anos. Esta etiqueta representa uma poupança no consumo de energia entre 20% a 22%, e, no caso dos frigoríficos, o valor da poupança pode mesmo atingir os 40%.

“A consciencialização ambiental será um fator crucial de implementação dos modelos circulares, e aqueles que fecharem os olhos a esta realidade perderão a capacidade de competir neste novo mundo”, sublinha Henrique Pereira.

Dado que esta é a nova prioridade dos clientes, importa perceber de que maneira esta preocupação está a ser incorporada nos processos de produção da maior parte dos eletrodomésticos em todo o mundo.

Em Ovar, a fábrica da Bosch mantém-se alinhada com a estratégia global da gigante alemã, de fazer com que toda a sua produção tenha balanço neutro no que respeita à emissão de carbono, sendo que essa estratégia se apoia em dois pilares: a redução dos consumos energéticos por cada aparelho produzido e a procura de fontes energéticas verdes. “Em todos os cenários que utilizamos nos nossos planos estratégicos, o aumento de eficiência energética está sempre presente. E, no caso europeu, fortemente acelerado por iniciativas legislativas”, explica o Plant Manager da Bosch, Jónio Reis, que destaca também a importância de a empresa manter um produto energeticamente eficaz ao mesmo tempo que respeita o poder de compra dos portugueses.

O interesse em fabricar produtos com maior eficiência energética é igualmente partilhado pelas marcas portugueses. No Porto, a Meireles, com perto de 90 anos de atividade, admite que apesar da exigência, tanto dos consumidores como dos índices obrigatórios normativos, tem acompanhado a tendência do mercado na aposta em equipamentos mais ecológicos e elétricos.

“Os produtos elétricos têm tido maior procura e maior crescimento”, conta Luís Meireles, diretor de marketing da empresa portuguesa. “Enquanto fabricantes, procuramos responder a esse crescimento”.

A verdade é que o setor dos eletromésticos está a evoluir e os grandes ‘players’ deverão acompanhar a tendência. Um estudo da consultora McKinsey (2010), informa que esse crescimento deverá ser de 6% ao ano e gerar receitas anuais de 180 mil milhões de euros até 2020.

“Em matéria de desempenho energético, a evolução do mercado dos eletrodomésticos tem sido notável”, considera a ADENE ao JE. “Atualmente, a maior parte dos eletrodoméstico no mercado posiciona-se já nas classes superiores da classificação energética, impactando direta e positivamente na fatura energética dos consumidores”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.