A generalidade dos portugueses mudou o seu comportamento de consumo com a chegada do novo coronavírus (Covid-19), mesmo antes de se confirmarem casos no país. À medida que então epidemia se propagava, aumentaram as preocupações e, consequentemente, os gastos por cada ato de consumo subiram 8% nas primeiras quatro semanas do ano, em termos homólogos, para uma média de 38,40 euros.
Já durante o mês de fevereiro, as despesas por cada ato de compra subiram ainda mais (13%), o que equivale a uma conta de mais 39,40 euros por cada ida ao supermercado. A conclusão é da 9ª edição do estudo “Marcas+Consumidores”, elaborado pela consultora Kantar para a associação Centromarca, que analisou os ‘sacos de supermercado’ entre os dias 1 de janeiro e 23 de fevereiro de 2020.
As subidas foram de 10% para bens de alimentação e de bebidas, 8% para papel higiénico, 7% para produtos de limpeza e 3% para os produtos de higiene e perfumaria. Azeite, salsichas enlatadas, carne fresca, chás, pão, carne congelada, arroz, peixe e marisco fresco então entre os bens alimentares que sofreram os maiores aumentos. Em relação aos produtos alimentares, sobressaíram as toalhitas, os sabonetes e as lixivias.
Importa salientar que as percentagens dizem respeito a uma data prévia à confirmação do primeiro caso de Covid-19 em Portugal, que aconteceu a 2 de março. Logo, os números deverão ser diferentes quando as compras de março forem à lupa.
O que mudou também foi a forma de adquirir esses bens. Segundo o relatório, nas primeiras oito semanas de 2020 os portugueses foram menos uma vez ao supermercado comparativamente ao mesmo período do ano passado. Até ao final de fevereiro, os consumidores nacionais aumentaram para 60,50 euros o valor médio de cada ato de compra online. Contudo, gastaram igualmente mais (11%) em cada visita às lojas, uma média de 38,90 euros.
“A forte afluência às lojas e os receios associados aos riscos de contaminação levaram muitos consumidores a optar ou a reforçar as suas comprar online. Essa maior procura pela compra online, acontece, contudo, num momento de forte pressão sobre a cadeia de abastecimento, gerando, tendencialmente, uma dificuldade acrescida de resposta”, explica Marta Santos, diretora do departamento de Manufacturers Sector da Kantar.
“É fácil de prever que os dados relativos às primeiras semanas de março não só consolidem, como mostrem um rápido incremento destes valores, como facilmente se percebe pela corrida às lojas a que assistimos nos últimos dias”, afirma Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca.
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