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Convenção democrata nos EUA: primeira preocupação é a segurança

Com a campanha a ter chegado ao ponto da tentativa de assassinato de um dos candidatos, Chicago – ou pelo menos a Chicago próxima da arena da convenção – está sob fortes medidas de segurança.
20 Agosto 2024, 07h30

Com a campanha eleitoral a já ter passado pelo extremismo de uma tentativa de assassinato de um dos candidatos – Donald Trump – e face ao histórico de momentos anteriores em que a violência nas ruas foi caótica, a segurança é a primeira preocupação das autoridades de Chicago (e das ‘secretas’ de serviço), a terceira maior cidade do país onde tudo acontecerá. Desde logo porque há vários grupos que pretendem organizar manifestações de protesto – com a questão da venda de armas a Israel no topo da agenda ‘das ruas’.

Talvez por isso, os analistas não ficaram admirados com o facto de Kamala Harris – à volta da qual tudo se concentra – tenha sido recebida na cidade com alguns protestos. Uma coligação abrangente denominada Marcha sobre a DNC (a convenção), que junta mais de 200 organizações e que organizou o protesto, esperava a participação de pelo menos 20 mil pessoas. A manifestação principal contava com vários oradores de grupos de ativistas por diversas causas, incluindo pró-aborto e por justiça racial – o que não é uma agenda contrária às posições de Kamala e deverá ter lugar num parque junto à arena onde decorre a convenção. Mas a expectativa é que nem todas as manifestações sejam favoráveis aos democratas – ou mesmo à ala mais à esquerda dos democratas, de que Kamala Harris faz parte. Segundo relatava a RTP, em toda a cidade, lojistas e empresas encerraram as portas e barricaram as montras, com receio de desacatos e da possibilidade de violência.

Há mesmo quem se recorde do que sucedeu na convenção de 1968, onde a polícia e os manifestantes anti-guerra do Vietname entraram em confronto violento em direto, com os tribunais distritais a prometer abrir mais espaços em caso de detenções em massa. De qualquer modo, a comparação é excessiva: em 1968, os norte-americanos começavam a receber de volta os seus filhos, mortos numa guerra longínqua que nada dizia ao país. Desta vez, não há mortos norte-americanos a chegar a casa e a questão israelita é um assunto que faz parte do quotidiano político do país.

As autoridades de Chicago anunciaram o encerramento de diversas ruas em torno da Michigan Avenue, onde decorre a convenção (no McCormick Place) e foram erguidas várias barreiras em torno do local da convenção.

Para todos os efeitos, tudo se cruza para que Kamala Harris seja a ’estrela da companhia’ e para quem tudo converge. Os três dias de convenção foram pensados ao pormenor e cada um tem uma agenda específica. A primeira noite foi vivida sob o tema ‘For the People’ e contou com a presença de Joe Biden e da sua mulher, Jill Biden, que foi o momento da passagem de testemunho – quando Kamala Harris se juntou ao casal. A antiga secretária de Estado, Hillary Clinton – a candidata do partido em 2016 – também discursou. Esta terça-feira, com o tema ‘A Bold Vision for America’s Future’, será a vez do aparecimento do casal Obama e do marido de Harris, Doug Emhoff. A quarta-feira é o dia ‘A Fight for Our Freedoms’, com o candidato a vice-presidente, Tim Walz, a fazer o seu discurso de aceitação da candidatura, provavelmente antes de um discurso do antigo presidente Bill Clinton.

Harris discursará na noite de encerramento, quinta-feira, com o tema ‘For Our Future’, para aceitar a nomeação do partido e muito provavelmente para repetir as ideias fortes que tem vindo a lançar ao longo das poucas semanas de campanha. Donald Trump será figura de destaque – para Harris explicar que o candidato republicano não passa de um cobarde – para além de ser alguém com problemas com a justiça. Não são dois tópicos novos, mas têm sido usados com muita frequência. Kamala Harris não se tem cansado de explicar que a arrogância e o amesquinhamento – duas armas que Trump usa até à exaustão – são a prova da sua cobardia.

Para todos os efeitos, democratas, republicanos, votantes e não votantes norte-americanos – e de algum modo o mundo em geral – vão estar muito atentos ao que dirão as sondagens, quando finalmente a convenção tiver sido encerrada.

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