A recente conclusão da Cimeira da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico) em Lima demonstrou mais uma vez o sucesso desse fórum multilateral. A APEC tem desempenhado um papel crucial na transformação da Ásia e do Pacífico, criando oportunidades que impulsionam o desenvolvimento, a prosperidade e a conectividade regional. Como resultado, essa região consolidou-se como a mais dinâmica e influente no crescimento global do século XXI.

É notável, contudo, a ausência de um mecanismo semelhante no Atlântico, um espaço que conecta as Américas, a Europa e a África. Apesar de seu imenso potencial econômico e estratégico, falta à região um fórum multilateral abrangente que promova cooperação e objetivos comuns entre essas economias.

A riqueza do Atlântico é inegável. No Sul, destacam-se as vastas reservas de petróleo e minerais estratégicos nas costas do Brasil e da África, recursos essenciais para a transição energética global. No Norte, o fluxo comercial robusto possui enorme potencial de expansão e fortalecimento. No entanto, esse potencial permanece subutilizado sem uma estrutura institucional que estimule uma integração mais profunda e estratégica.

A criação de uma organização transatlântica, inspirada na APEC, poderia ser um marco para a integração econômica, a sustentabilidade e a cooperação em segurança regional. No entanto, a Europa, historicamente uma força propulsora em iniciativas de integração, tem demonstrado hesitação em liderar tal projeto, em grande parte devido aos desafios internos que enfrenta desde a crise financeira de 2008.

A reeleição de Donald Trump e a retomada do isolacionismo norte-americano deveriam servir como um catalisador para que a Europa ampliasse suas parcerias tradicionais, em vez de desperdiçar oportunidades de aprofundar laços com a África e a América do Sul — regiões caracterizadas por mercados em expansão e vastos recursos estratégicos. Se a Europa aspira a manter algum protagonismo no cenário global, especialmente diante da tendência de Trump de priorizar políticas internas e minimizar o envolvimento em instituições multilaterais, precisa assumir a liderança na promoção de prosperidade e riqueza compartilhada com os parceiros atlânticos.

Como enfatizou o presidente chinês Xi Jinping: “A prosperidade de um depende da prosperidade de todos.” A persistência da pobreza em diversas partes do Atlântico é inadmissível. Uma iniciativa transatlântica efetiva não é apenas desejável, mas essencial para aumentar a competitividade internacional da região, fortalecendo a estabilidade e o desenvolvimento global.

Um fórum transatlântico ativo poderia transformar o Atlântico em um polo de cooperação, inovação e prosperidade. Ignorar essa oportunidade condenaria a região a uma posição de menor relevância, competitividade e influência no cenário global.