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COP26: Arábia Saudita, Japão e Austrália pressionam ONU para alterar relatório climático

Muitos países e empresas defendem que o mundo não precisa de reduzir o uso de combustíveis fósseis a níveis recomendados pelo relatório. Esta redução do uso de combustíveis afetará os países mais dependentes da produção e exportação dos mesmos.
21 Outubro 2021, 11h41

Um novo documento, divulgado no âmbito da reunião da COP26, mostra que várias nações estão a tentar alterar um relatório científico crucial sobre as mudanças climáticas, revela a “BBC” que teve acesso ao documento.

O relatório revela que a Arábia Saudita, o Japão e a Austrália estão entre os países que pediram às Nações Unidas para minimizar a necessidade imediata para o mundo se afastar dos combustíveis fósseis. O mesmo documento alerta ainda que as nações mais ricas estão a equacionar pagar mais aos países pobres para estes migrarem para tecnologias ‘verdes’.

Este ‘lobby’ tem levantado questões perante os países que vão marcar presença na conferência das Nações Unidas, no próximo mês de novembro, que acontece em Glasgow. A fuga de informação nota que os países estão a tentar recuar perante as recomendações das Nações Unidas para agir de forma a manterem o aquecimento global a 1,5 graus.

Muitos países e empresas defendem que o mundo não precisa de reduzir o uso de combustíveis fósseis a níveis recomendados pelo relatório. Esta redução do uso de combustíveis afetará os países mais dependentes da produção e exportação dos mesmos, que vêm desaparecer grande parte da economia, como a Arábia Saudita que é das maiores produtoras de petróleo e a Austrália, um dos maiores exportadores de carvão.

Países como China, Austrália, Japão, Argentina, Noruega e Arábia Saudita e associações como a OPEP, defendem unidades que permitam a captura e armazenamento de carbono, enquanto muitos países sustentam tecnologias emergentes (e ainda extremamente dispendiosas a níveis monetários), que servem para capturar e armazenar dióxido de carbono debaixo do solo.

No entanto, não só o problema dos combustíveis fósseis estão presentes no relatório. Outro problema evidenciado é a problemática da carne. O Brasil e a Argentina, dois grandes produtores de carne de vaca, estão contra os dados do documento que indicam ser necessário a redução do consumo de carne para reduzir as emissões de gases de estufa.

O relatório indica que “dietas à base de plantas podem reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 50% quando comparadas com a dieta ocidental com emissão intensiva média”. Estes dois países da América Latina pedem mesmo que algumas evidências sejam excluídas ou alteradas do texto, nomeadamente quando referem que as “dietas à base de vegetais” desempenham um papel importante no combate às alterações climáticas e quando descrevem a carne de bovino como um alimento de “alto teor de carbono”.

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