A ativista ambiental Annie Lao considera que Macau continua a ser o recordista de resíduos sólidos urbanos descartados ‘per capita’ na região, apesar de no ano passado ter recebido menos cerca de 34 milhões de visitantes.
“Precisamos de toda uma mudança de sistema a fim de combater as alterações climáticas como um todo na sociedade. Governo, setores privados, indivíduos, organizações, basicamente todos precisam de participar e fazer do combate às alterações climáticas uma prioridade, tal como nós o fazemos para a prevenção da covid-19”, afirmou à Lusa a ativista ambiental de Macau Annie Lao.
Macau foi um dos primeiros territórios do mundo a ser atingindo pela pandemia, em janeiro de 2021, com efeitos imediatos no seu setor mais vital para a economia.
Em 2020 visitaram o território 5.896.848 pessoas, quando no ano passado tinham sido quase 40 milhões.
Com isso, praticamente todos os indicadores ambientais melhoraram, não devido a medidas concretas, mas sim por causa das circunstâncias.
“Na sequência do surgimento súbito da epidemia relacionada com a pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus, as atividades económicas foram gravemente afetadas, especialmente o impacto na indústria do turismo, pilar da economia de Macau, levou a mudanças significativas nos indicadores socioeconómicos e ambientais”, explicaram as autoridades, no relatório mais recente sobre o estado do ambiente em Macau.
Houve uma “descida de 85% no número de visitantes, o PIB baixou consideravelmente em 55%, a quantidade de resíduos sólidos descartados e as emissões de gases com efeito de estufa desceram 20% e 40%, respetivamente, tendo-se verificado ainda uma descida entre 6% e 8% no volume de água faturada e no consumo de eletricidade”, exemplificaram.
Em 2019, o território tinha produzido 2,22 metros cúbicos de resíduos sólidos urbanos descartados per capita.
Já em 2020, Macau registou uma queda acentuada: produziu 1,74 metros cúbicos de resíduos por pessoa dia em 2020, ainda assim continua a ser superior a Singapura, a Hong Kong, Pequim e Cantão, de acordo com os dados da Direção dos Serviços de Proteção Ambiental de Macau (DSPA).
“Continuamos a ser ‘os campeões’ de geração de resíduos em comparação com as regiões próximas”, evidenciou a ativista, fundadora da Macau for Waste Reduction, que foi um dos principais rostos contra o plástico de utilização única em Macau.
Macau tem uma das mais altas densidades populacionais do mundo, com uma população de cerca de 680.000 habitantes e uma área de 32,9 quilómetros quadrados.
“Deitar o lixo fora é grátis em Macau e as pessoas não pensam nos resíduos que geram porque não existe uma ‘política de pagamento do poluidor’”, explicou Annie Lao.
A ativista criticou ainda o Governo de Macau por não ter investido o suficiente nas instalações verdes em Macau, tais como instalações de reciclagem, painéis solares, ciclovias, recolha de água da chuva para reutilização, edifícios verdes, telhados verdes, etc.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se, entre 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ªconferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
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