“Independência ou morte!”. O ‘Grito do Ipiranga’ é uma frases mais lendárias da história brasileira e o seu autor regressou hoje ao país que declarou independente de Portugal, país onde tinha nascido e que era então governado pelo seu pai. Apesar de ter tornado o Brasil uma nação independente, abdicou e acabou por regressar a Portugal onde veio a morrer aos 35 anos.
O coração de Dom Pedro I chegou hoje ao Brasil, 187 anos depois da morte do monarca. Esta é a primeira vez que o coração deixa Portugal. A sua última casa é a Igreja de Nossa Senhora da Lapa, no Porto, onde habitualmente está fechado a cinco chaves.
O coração do primeiro imperador do Brasil foi transportado num avião VC-99 da Força Aérea Brasileira (FAB) e aterrou pelas 14 horas de Lisboa em Brasília e foi recebida com honras de Estado, com a presença do embaixador de Portugal no Brasil, Luiz Felipe Melo, e os ministros da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e da Saúde, Marcelo Queiroga.
A relíquia foi levada para o Brasil no âmbito do comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil, a 7 de setembro.
“É com satisfação que nos reunimos como parte das comemorações para receber essa relíquia que mostra a força de nosso primeiro imperador”, disse o ministro brasileiro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira citado pela “Globo”.
Foi depois levado para o Palácio do Itamaraty, em marcha silenciosa. Esta é a casa ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro, em Brasília, e o coração vai ficar aqui exposto até cinco de setembro.
O seu regresso a Portugal está previsto a oito de setembro. Até lá, o coração vai ser guardado pela Polícia Federal e as Forças Armadas brasileiras.
“Em primeiro lugar, é muito importante, simbolicamente para o Brasil, o regresso do coração do vosso primeiro imperador D. Pedro. É muito importante também pra Portugal porque ele foi uma figura crucial na afirmação da liberdade em Portugal. E para a cidade do Porto que eu aqui represento, porque foi ele também que nos libertou dos jugos que tínhamos e foi considerado pela população do Porto como rei soldado. Por isso, esse regresso do coração de D. Pedro é, para todos nós, espero, naturalmente, para os brasileiros, mas também para os portugueses, um momento de grande júbilo”, disse o autarca do Porto Rui Moreira durante a cerimónia.
A “Globo” destaca que o Governo brasileiro não divulgou o valor do custo da operação de transporte do coração.
As negociações para a ida do coração arrancaram em fevereiro deste ano. A deslocação teve ‘luz verde’ por parte do Instituto Médico Legal da Universidade do Porto, e por parte da assembleia municipal do Porto, com a viagem a ser autorizada por unanimidade.
Em 1972, os restantes restos mortais do monarca foram levados para o Brasil e jazem na cripto do Monumento à Independência, precisamente em Ipiranga, São Paulo.
Nascido em 1798, Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon foi para o Brasil aos nove anos, quando a família real portuguesa fugiu à invasão de Napoleão do país.
O seu pai regressou a Portugal em 1820 e exigiu o seu regresso. Mas Pedro rejeitou voltar para a Europa e em setembro de 1822 declarou a independência do Brasil no famoso ‘Grito do Ipiranga’.
Com a morte do seu pai, acabou por regressar a Portugal, assumiu o trono, mas acabou por abdicar para a sua filha Maria II. Mais tarde, dom Pedro e o seu irmão dom Miguel disputaram o trono nas Guerras Liberais. Os liberais de d. Pedro acabaram por vencer em 1834 e d. Maria II voltou a governar. D. Pedro morre nesse ano de tuberculose.
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