Tal como em outros mercados, o foco nas taxas de juro incide na evolução do coronavírus. Se nos mercados acionistas sucedem-se os máximos históricos, nas taxas de juro continua a haver sinais de cautela. Os efeitos económicos diretos notam-se sobretudo na China, com muitas fábricas ainda fechadas e a cadeia logística ameaçada, mas um menor crescimento na segunda economia mundial terá certamente impacto negativo na atividade e na confiança a nível global.

Há um fator com efeitos diretos: a forte queda dos preços do petróleo e combustíveis terá impacto na inflação, dificultando que a mesma suba para os níveis desejados pelos bancos centrais. Os preços de outras matérias-primas, quer industriais quer alimentares, têm vindo a cair, pressionando em baixa a inflação.

Ainda é cedo para que os bancos centrais atuem neste contexto, exceção feita ao da China, que tem vindo a injetar liquidez com mais regularidade no mercado. É cada vez mais evidente a inexistência de condições para subidas dos juros este ano, como se pode verificar pela evolução das taxas fixas do euro. Em relação aos EUA, o mercado está a descontar entre um a dois cortes de taxas, o que fugiria à habitual estabilidade que a Reserva Federal prefere adotar em anos eleitorais.

Paralelamente, persiste a expetativa quanto às alterações que o BCE irá introduzir nas suas metas de inflação, provavelmente a anunciar em julho. Acredita-se que começarão a surgir algumas pistas acerca do que será apresentado nos seminários frequentados por membros do BCE na primavera, sendo que até agora tem prevalecido o objetivo de inflação abaixo, mas próxima dos 2%.