Os ativos de maior risco como as ações, que este ano ainda negociavam com um prémio nas suas avaliações (capitalizações bolsistas de 15 a 20 vezes as receitas anuais), iniciaram um processo de correção com o subsector dos semicondutores a ter um grande impacto no sector de tecnologia. A importância dos semicondutores resulta do facto de serem a base de muitas indústrias e estarem presentes nos consumíveis a que recorremos no nosso quotidiano. Quando, no atual calendário de apresentação de resultados, várias empresas revêm em baixa as suas receitas para este ano, este é um sinal de que o ritmo e ímpeto do crescimento pode estar numa fase de transição.

Os dados que saíram sobre a economia europeia continuam a refletir um potencial de abrandamento, quer na Europa, quer nos mercados emergentes o que se reflete no conservadorismo das avaliações e na formação de expectativas de despesas das famílias e nos investimentos das empresas.

Os efeitos nos mercados acionistas são as desvalorizações mais profundas, a rondar os dois dígitos (exceção feita à Noruega) e a anulação dos ganhos que se acumulavam desde o início do ano.

Os investidores encontra-se num cenário similar ao de fevereiro passado em que o S&P 500 desvalorizou 12% num espaço de quase duas semanas e um possível final de ciclo de bullmarket que durou os últimos dez anos. Este mês, os mercados estão com uma queda de 9,8% face ao último máximo.

O ‘Livro Bege’ da Reserva Federal norte-americana referente a outubro – um relatório, elaborado oito vezes por ano, sobre a atividade económica e empresarial, de 12 das suas sucursais regionais – refletiu algumas preocupações com a subida nos preços das matérias-primas e com a falta de profissionais qualificados, ou seja, menor oferta de mão-de-obra com impacto em maiores salários.

A fase de ajustamento dos mercados financeiros parece dominar o presente. A volatilidade dos ativos financeiros está acima do nível dos meses anteriores, com a volatilidade dos EUA a aproximar-se dos níveis da Europa e dos mercados emergentes da Ásia, África e da América Latina. Apesar de, nesta semana, o discurso da União Europeia perante a Itália e o Reino Unido permanecer no mesmo registo, não se antecipam situações de rutura que possam provocar impacto na evolução da economia global.