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Correio da Manhã vai processar Mário Ferreira por difamação

Este processo acontece depois de o empresário ter apresentado uma queixa no regulador ERC contra a Cofina na “sequência de notícias sobre a mudança de poder em curso na Media Capital”, segundo o CM. Mário Ferreira disse esta semana que as notícias sobre ti têm como objetivo “condicionar decisões da ERC e CMVM”, considerando que “os acionistas da Cofina querem ainda, em total desespero, comprar o remanescente das ações da Prisa”.
1 Outubro 2020, 20h18

O Correio da Manhã e a CMTV vão processar Mário Ferreira por difamação, anunciou hoje o jornal do grupo Cofina, presidido por Paulo Fernandes.

Este processo acontece depois de o empresário ter apresentado uma queixa na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) contra a Cofina na “sequência de notícias sobre a mudança de poder em curso na Media Capital”.

Num editorial publicado às 19h10 no seu site, a direção do CM escreve que “mandatou os seus advogados para avançarem com queixa-crime por difamação contra o empresário e seus aliados, que o secundaram, por considerarmos esse ato um ataque à nossa dignidade profissional”.

Mário Ferreira comprou em maio 30% da Media Capital, dona da TVI, por 10,5 milhões de euros. O empresário chegou a estar alinhado com a Cofina de Paulo Fernandes na OPA lançada pela dona do Correio da Manhã em 2019, mas decidiu avançar sozinho depois de a Cofina em março ter recuado na compra devido à “significativa degradação da situação financeira e perspetivas da Vertix e da Media Capital especialmente agravadas” pela pandemia da Covid-19. Já em agosto, a Cofina decidiu voltar à carga, mas apresentando uma oferta 82% mais baixa face à oferta inicial.

“A atitude destes empresários desclassifica-os como putativos candidatos a investidores na comunicação social. A lei proíbe expressamente os proprietários e administradores de se envolverem nos critérios editoriais das redações. As decisões editoriais cabem aos jornalistas e a responsabilidade última é do diretor. Essa é uma linha vermelha que nunca foi pisada na Cofina, mas que pela atitude dos novos acionistas da Media Capital tememos  que seja violada num grupo que gere um bem público concessionado (licença TVI), importantes rádios e sites de informação. É fundamental ter cultura democrática para gerir órgãos de comunicação social”, escreve a direção do CM que conta com Octávio Ribeiro como diretor-geral editorial.

“Sobre a mudança de poder em curso continuaremos a investigar o currículo, em alguns casos o cadastro, dos investidores, e tentar saber a origem do dinheiro. E continuaremos a escrutinar o papel das autoridades reguladoras no processo. Sem medo, doa a quem doer, porque a liberdade de imprensa é um bem tão precioso como o ar que respiramos”, segundo o CM.

Segundo avançou a rádio TSF esta semana, Mário Ferreira apresentou uma queixa na ERC contra a Cofina devido a notícias que têm saído nos títulos do grupo.

O dono de 30% da Media Capital considera que a Cofina tem como objetivo “condicionar decisões da ERC e CMVM”, considerando que “os acionistas da Cofina querem ainda, em total desespero, comprar o remanescente das ações da Prisa”, a dona da Media Capital.

“Ao longo de meses temos sido vítimas de ataques, notícias do grupo Cofina e das suas diversas publicações, que são mais já de 250 [notícias] e essas só relacionadas à minha pessoa, para não falar sobre as notícias da Media Capital. Temos estado em silêncio, optámos por isso, respeitando as competências do regulador para ver se teriam alguma intervenção”, disse o empresário à TSF a 28 de setembro.

“Não aconteceu e hoje decidimos solicitar uma intervenção urgente da ERC na adoção de medidas que assegurem as regras legais, éticas deontológicas que regem o exercício da liberdade de imprensa, que a Cofina optou por não usar”, lamenta Mário Ferreira.

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