[weglot_switcher]

COSEC alerta que onze países enfrentam “risco elevado” de entrarem numa crise alimentar

A lista é composta por: Sri Lanka, Argélia, Bósnia-Herzegovina, Egipto, Jordânia, Líbano, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Tunísia e Turquia.
23 Junho 2022, 18h12

Quatro meses após o início da invasão russa à vizinha Ucrânia, as consequências económicas alastraram-se à maioria das economias a nível mundial, fruto das sanções impostas a Moscovo, mas também devido ao próprio conflito em solo ucraniano, dado que o país era responsável pelo fornecimento de 4,5 milhões de produtos alimentares através dos seus portos. Segundo a companhia de seguro de créditos COSEC, onze países, de diferentes continentes, enfrentam um “risco elevado” de atravessarem uma crise alimentar.

A lista é composta por: Sri Lanka, Argélia, Bósnia-Herzegovina, Egipto, Jordânia, Líbano, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Tunísia e Turquia. Em comum, estes países têm o facto de serem importadores líquidos de alimentos e terem um risco de perturbações sociais relativamente elevado.

Os analistas da companhia de seguro de créditos sugerem ainda que a Rússia possa ser uma das geografias que pode ser incluída parcialmente neste grupo, dado que enfrenta um elevado risco de perturbações alimentares, embora “não sejam expectáveis distúrbios sociais no atual contexto geopolítico”.

Manfred Stamer, economista-sénior da Allianz Trade para a Europa Emergente e Médio Oriente, afirma que o choque mundial dos preços dos alimentos é “particularmente preocupante para os países que são importadores líquidos de alimentos ou importadores líquidos de alguns bens alimentares que se tornaram escassos devido à guerra na Ucrânia, como cereais”.

“Esta realidade afeta, em particular, os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, que, por norma, têm uma capacidade limitada para encontrar substitutos para as importações de bens alimentares. Por isso, um ajustamento nos preços pode conduzir a uma menor disponibilidade de bens e, consequentemente, aumentar o risco de convulsões sociais”, acrescenta o responsável.

Antes da invasão russa, a Ucrânia era responsável pelo fornecimento de 4,5 milhões de toneladas de produtos alimentares através dos seus portos, o equivalente a 12% do trigo consumido à escala global, 15% do milho transacionado e 50% do óleo de girassol do planeta. Em conjunto, a Rússia e a Ucrânia exportavam 28% do total de trigo mundial. Com a eclosão da guerra, o acesso a esses mercados está encerrado e, nos próximos anos, milhões de pessoas poderão enfrentar um risco de insegurança alimentar, que faz ressurgir os receios de subnutrição e fome em massa.

Também a própria subida da inflação impacta rendimento disponível das famílias. Os especialistas não antecipam uma queda generalizada do produto interno bruto (PIB) per capita em 2022, mas alertam que a subida da inflação vai ter efeitos sobre o rendimento disponível das famílias.

“Durante a pandemia, os governos disponibilizaram apoios que permitiram amortecer um pouco a quebra no crescimento do PIB per capital em algumas economias. Agora, as necessidades de importação de alguns países são mais elevadas e a capacidade orçamental é menor. Por isso, muitas economias estão a tentar encontrar a fórmula correta entre políticas que atenuem o impacto nas contas das famílias enquanto garante segurança alimentar e diminuem as possibilidades de riscos social”, lê-se no comunicado da COSEC.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.