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Costa acredita que Angela Merkel aprendeu lição com a crise das dívidas soberanas

Costa acredita que a lição aprendida por Merkel durante a crise das dívidas soberanas serviu-lhe de lição para a crise económica provocada pela pandemia da Covid-19 e no desenho do plano de ajuda que a União Europeia preparou para os seus estados-membros.
26 Setembro 2021, 14h29

Na hora da despedida de Angela Merkel, António Costa acredita que a chanceler aprendeu com a crise das dívidas soberanas que atingiu severamente os países do sul da Europa a partir de 2009.

O primeiro-ministro acredita que a chanceler “deu provas de aprender com os erros do passado, como a União Europeia respondeu à atual crise. Os planos de recuperação e resiliência foram possíveis seguramente por vontade da chanceler Merkel pelo que aprendeu com a crise anterior”.

Em declarações aos jornalistas após votar nas eleições autárquicas em Lisboa, António Costa destacou o “papel essencial do ministro das Finanças da Alemanha, e que foi uma das pessoas mais importantes em todo o processo negocial” do plano de ajuda europeu, disse, referindo-se a Olaf Scholz, também vice-chanceler alemão, por o seu partido (SPD) estar coligado com os conservadores da CDU de Angela Merkel. Scholz é um dos candidatos a esta eleição pelo SPD, de centro-esquerda.

“Nunca é fácil a sucessão de uma pessoa tão carismática, com certeza os alemães encontrarão um bom chanceler”, acrescentou.

António Costa também recordou que devido à posição dos lideres no Conselho Europeu, teve a oportunidade de privar com a chanceler ao longo de seis anos, elogiando o “espirito europeu notável, procura sempre ouvir os outros, encontrar soluções comuns entre os 27 estados-membros”, dando o exemplo da resposta comunitária aos refugiados.

A crise das dívidas soberanas levou ao resgate financeiro de vários países para poderem cumprir as suas obrigações nos mercados perante a escalada das taxas de juro das dívidas soberanas. Portugal foi obrigado em 2011 a pedir um resgate:  o Governo liderado por José Sócrates pediu um resgate internacional no valor de 78 mil milhões de euros à troika: Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia.

Em 2013, o então autarca de Lisboa deixava críticas à liderança da chanceler alemã e ao seu papel na gestão da crise europeia. “”Ouvimos aqui hoje o nosso camarada Martin Schulz [então presidente do Parlamento Europeu e membro do SPD]. Há mais Europa para além da ‘troika’, há mais Alemanha para além de Merkel”, afirmou na altura António Costa, citado pela Lusa.

O dirigente socialista defendia então a renegociação do memorando de entendimento com a troika. “Nenhum credor quer a morte do devedor. Qualquer credor quer que o devedor esteja de boa saúde e produza o rendimento suficiente para sobreviver e para ter o excedente necessário para pagar o que deve”, defendeu em abril de 2013 durante o congresso nacional do PS.

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