Em tempos, José Miguel Júdice apelidou o primeiro-ministro de “verdadeiro oportunista” que “meteu no bolso o PCP e o Bloco de Esquerda”. Para o antigo Bastonário da OA, o objectivo do líder socialista é “meter dinheiro no bolso dos portugueses a curto prazo ainda que isso tenha consequências a médio ou longo prazo. E toda a estratégia vai nesse sentido”. Agora voltou ao tema: “se há uma coisa que António Costa é, é o maior oportunista da História de Portugal. Mas isto não é uma crítica. É uma constatação de facto”.

Regressemos então a Maio de 2014. Em plena campanha para as europeias, Costa tirava uma selfie ao lado de Seguro (ambos sorridentes), para no final desse mesmo mês surgir a criticar a vitória do PS que tinha sabido a “pouco”. Costa encontrou assim uma “oportunidade” para subtrair a liderança a Seguro.

Em Outubro de 2015, a coligação PSD/CDS ganhou as legislativas e Costa, que havia prometido golear, perdeu. No entanto, como aqueles dois partidos não obtiveram maioria, o líder socialista viu ali uma “oportunidade”: uniu-se às restantes forças derrotadas e tornou-se primeiro-ministro. Hoje, BE, PCP e PEV estão de facto no seu bolso.

O envio de cartas aos pensionistas sobre aumentos extraordinários, bem como a promessa de baixar o IRS demonstram que Costa gere os recursos do Estado em função das eleições, acenando “oportunamente” com cenouras aos eleitores. Mas também sabe quando é “oportuno” sair de cena, não se coibindo de ir de férias, mesmo em momentos difíceis para o País. E se não se assumem responsabilidades políticas quanto à mais elevada área florestal ardida da década, o mesmo já não sucede quanto à conjuntura favorável, que quando é “oportuno”, lá é anunciada como um dos sucessos deste Governo (apesar de se ter iniciado anos antes da sua tomada de posse).

Face ao exposto talvez não se possa apelidar Costa de “oportunista”, mas sim de alma caridosa que de forma generosa quer distribuir rendimentos, ao mesmo tempo que vai transpirando optimismo e alegria por todo o País.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.