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Cotadas do PSI-20 com 3,2 mil milhões de lucros em 2019. Onze vão distribuir 2,1 mil milhões em dividendos

A EDP, a EDP Renováveis, a Galp e a Jerónimo Martins lideram a capitalização bolsista do PSI-20 em 2019, mas a EDP Renováveis tem baixo peso no PSI-20 por possuir o mais baixo ‘free float’ do mercado (16,3%), provocado pela elevada concentração do seu capital na EDP, segundo um estudo da Maxyield.
13 Maio 2020, 07h57

As 18 sociedades do PSI-20 obtiveram 3,2 mil milhões de euros de Resultados Líquidos, sendo que 11 cotadas têm propostas de distribuição de dividendos no valor de 2,1 mil milhões, correspondendo a um payout de 65%.

Os grandes números das sociedades cotadas foram compilados pela Maxyield, o clube dos pequenos acionistas, que procedeu a uma caracterização do universo empresarial integrado no PSI-20 e do comportamento do índice do mercado bolsista português em 2019, bem como a uma abordagem às alterações ocorridas na parte inicial do ano em curso, contextualizado pela pandemia Covid-19.

O estudo da Maxyield diz ainda que os rendimentos consolidados das 18 empresas do universo PSI-20, atingiram em 2019 o valor de 72,5 mil milhões de euros representando 34% do PIB nacional a preços correntes (212,3 mil milhões de euros).

Já a geração de caixa com base nas atividades operacionais, com exclusão dos impactos financeiro e fiscal, atingiu os 13,9 mil milhões, que traduz uma rentabilidade dos negócios de 19,1% (EBITDA /rendimentos).

São empresas muito endividadas? A dívida liquida financeira e locações atingiram 32,6 mil milhões de euros, que corresponde a 2,6 x EBITDA (com exceção do Millennium bcp).

Já o investimento (CAPEX) envolveu 6,8 mil milhões, que corresponde a 17% da formação bruta de capital fixo do país (40 mil milhões de euros).

Mas a Maxyield conclui que os meios libertos pela atividade operacional proporcionaram um cashflow de exploração de 10 mil milhões, que em termos agregados foi bastante para suportar a distribuição de dividendos e o CAPEX, razão pela qual se assistiu no 2º semestre a uma redução da divida liquida em 1,9 mil milhões das sociedades cotadas.

 

EDP, EDP Renováveis, Galp e Jerónimo Martins lideram capitalização bolsista

A capitalização bolsista, que corresponde ao produto das cotações pelo número de ações em circulação, atingiu em 31 de dezembro de 2019 o valor agregado de 61.920 milhões de euros, sendo que 4 (quatro) sociedades cotadas representam 72,4%. São elas a EDP, a EDP Renováveis, a Galp e a Jerónimo Martins.

O volume de transações permite apurar o peso das empresas cotadas no PSI-20, que expressa grande desequilíbrio a nível da sua importância relativa, sendo que apenas 4 sociedades (EDP, Jerónimo. Martins, Galp e BCP) representam 50,6% no PSI-20, refere a Maxyield.

O desequilíbrio a nível de importância relativa no índice, é menor relativamente à capitalização bolsista, sendo de assinalar o volume de transações do BCP, NOS, Navigator e Sonae SGPS.

A EDP Renováveis tem uma importante capitalização bolsista, mas sem peso equivalente no PSI-20, por possuir o mais baixo free float do mercado (16,3%), provocado pela elevada concentração do seu capital na EDP. Por essa razão, o BCP pelo volume de transações e elevado free float (48,8%) ocupa o 4º lugar no peso das sociedades cotadas.

 

Importância dos pequenos acionistas

O free float caracterizado pelo conjunto das participações sociais inferiores a 2% corresponde a 38%do capital das sociedades cotadas. Em termos de capitalização bolsista representa 23,5 mil milhões de euros, refere a Maxyield.

O free float da bolsa nacional é fortemente suportado por investidores portugueses e internacionais de natureza institucional ou qualificada, bem como investidores individuais nacionais.

De acordo com as estatísticas divulgadas pela CMVM, no final de 2019 os investidores individuais nacionais aplicavam no mercado bolsista nacional o valor de 735,7 milhões que representa 3,1% do free float. Este valor é aplicado através da gestão individual (588,2 milhões) e gestão coletiva de ativos (147,5 milhões).

A aplicação individual é assegurada por 27 entidades gestoras, sendo que 90% do mercado é assegurado pelos 6 maiores bancos nacionais. A gestão coletiva é feita através de 156 fundos enquadrados por 15 entidades gestoras, das quais 6 (seis) representam 94% das aplicações.

A Maxyield assinala que as aplicações dos investidores individuais nos mercados internacionais atingiam 3.276 milhões de euros (4,5 vezes o valor aplicado no mercado nacional) dividido em partes sensivelmente idênticas entre gestão individual e coletiva.

 

PSI-20 subiu 10,2% em 2019

O índice da bolsa de Lisboa, PSI-20, cresceu 10,2%, tendo oscilado 1,15 entre o máximo e o mínimo, “verificando-se situações de elevada volatilidade, sendo que metade das cotadas apresenta valores superiores a 1,5 naquela relação”, constata a Maxyield.

Em 2019 sete sociedades cotadas registaram uma variação anual negativa, das quais quatro com uma quebra superior a -10%. São elas o BCP, Ramada Investimentos, Pharol e a Sonae Capital.

Paralelamente observou-se 11 (onze) sociedades cotadas com variação anual positiva, das quais sete com valorização superior à média do mercado (EDP, EDP Renováveis, Corticeira Amorim, Jerónimo Martins, Mota Engil, REN e Sonae SGPS).

Finalmente, diz o clube de pequenos acionistas, verifica-se que três sociedades apresentaram cotações abaixo do valor nominal das suas ações.

 

Mercado em 2020, já sob efeitos da Covid-19

O mercado nacional entrou no mês de março de 2020 em bear market (diminuição superior a 20% relativamente ao ultimo máximo), sofrendo um crash bastante violento, com uma queda de – 33,8% entre o máximo 19 de fevereiro e a cotação de fecho em 19 de março, devido aos efeitos da pandemia de coronavírus.

O embate foi forte e o PSI-20 regressou em 19 de março de 2020 ao nível de 1993 (há 27 anos) o que revela a “intensidade e violência da queda das cotações”.

A partir daí assistiu-se a uma ligeira recuperação, apresentando o índice PSI-20 no final de abril uma variação de -17,8% relativamente a 31 de dezembro de 2019.

A capitalização bolsista sofreu uma redução no valor de 7.600 milhões de euros (-12,3%) relativamente a 31 de dezembro de 2019, atingindo no final de abril 54.320 milhões, cujo processo foi fortemente influenciado pela Galp, o Millennium bcp, a Navigator e a NOS.

O BCP anunciou que não vai pagar dividendos por conta dos resultados anuais. Isso penalizou a ação. O CEO Miguel Maya disse recentemente em público que “os bancos não estão a ganhar com a crise, ou não estávamos a cotar a 0,2x o price book value, ou 0,3x”.

O comportamento bolsista em Portugal é semelhante à evolução dos mercados internacionais. O índice americano S&P 500 passou de 3.230,8 pontos em 31 de dezembro para 2.939,5 pontos em 30 de abril de 2020 que representa uma queda de 9%. No mesmo período, o índice europeu STOXX600 sofreu uma quebra de -16,5 % e o mercado espanhol medido pelo IBEX 35 apresenta uma diminuição acumulada   de -27,5%.

A Maxyield defende que a evolução do mercado bolsista português, “vai depender do termo da epidemia, recuperação das bolsas internacionais e da retoma da económica mundial, sendo a imprevisibilidade a única certeza com que podemos contar”.

“Contudo é expectável que os mercados bolsistas antecipem a retoma económica e que posteriormente venham a ser impulsionados por esta retoma”, acrescenta a instituição.

O perfil da retoma será diferenciado, podendo ocorrer em forma de U (lenta e prolongada), V (mais rápida e acelerada), L (grande estagnação), N (suave e sustentável) ou W (recuperação com reversão associada a eventual segunda vaga do vírus) numa geometria variável dependente da sensibilidade dos diversos setores de atividade e exposição dos espaços regionais ao coronavírus.

As informações quantitativas que baseiam esta análise ao PSI-20 “têm origem na agregação de valores de diferentes variáveis empresariais, incluídas na apresentação anual de resultados de todas as sociedades cotadas do PSI-20, informação de mercado da Euronext Lisboa e estatísticas da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários”, explica a Maxyield.

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