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Covid-19 arrefece crescimento do N26 em Portugal. Banco digital quer entrar no Brasil

N26 tem cem mil clientes em Portugal. Ao JE, Sarunas Legeckas, general manager do banco digital, disse que “no ambiente atual, o crescimento arrefeceu, mas manteve-se estável porque muitas pessoas viraram-se para os produtos digitais”.
18 Maio 2020, 07h30

A Covid-19 está a atrasar o crescimento da base de clientes em Portugal do N26, um banco digital alemão fundado em 2013, que conta com cem mil clientes no país.

O banco nunca assumiu publicamente em concreto os objetivos de crescimento dos clientes para 2020, mas disse ao JE em outubro do ano passado que poderia chegar “facilmente” aos 200 mil clientes no final deste ano.

Sarunas Legeckas, general manager Greater Europe do N26, referiu agora ao JE que “antes das medidas de confinamento, o N26 estava a crescer 200% por ano em Portugal”.

“Sem surpresas, no ambiente atual, o crescimento arrefeceu, mas manteve-se estável porque muitas pessoas viraram-se para os produtos digitais. Estamos a observar alterações do consumo interessante e acreditamos que os bancos digitais têm um papel importante em ajudar as pessoas a utilizarem serviços bancários num mundo transformado pela Covid-19”, Sarunas Legeckas.

Ainda assim, o general manager do N26 vincou que “nos vemos a crescer rapidamente em Portugal nos próximos anos”, mas sinalizou o equilíbrio entre o crescimento dos clientes e a qualidade dos serviços bancários oferecidos.

“Sendo nós um dos poucos bancos novos licenciados e altamente regulados, temos de ser responsáveis em oferecer, em primeiro lugar, serviços bancários de qualidade. Queremos garantir que, enquanto crescemos, o faremos de forma responsável e sustentável”, reforçou Sarunas Legeckas.

O N26 angariou recentemente cem milhões de dólares numa extensão da ronda de financiamento série D, que soma 570 milhões de dólares. Sem detalhar, Sarunas Legeckas explicou que o banco tem em pipeline “diversos novos produtos e funcionalidades que chegarão ao mercado nos próximos meses, alguns dos quais foram requeridos pelos clientes portugueses”.

O banco já tinha anunciado uma versão digital dos cartões, associada à wallet, permitindo assim que os clientes comecem a utilizar a sua conta de imediato, antes da chegada do cartão físico.

Para o futuro próximo, o N26 pretende chegar a outros mercados, designadamente o Brasil. “Estamos a trabalhar para preparar a entrada no nosso próximo mercado e estamos a aplicar para um licença de fintech no Brasil”, referiu Sarunas Legeckas.

Só gregos e irlandeses preocupam-se mais que os portugueses sobre finanças pessoais

O N26 realizou um inquérito online em que inquiriu 10.106 clientes, espalhados por treze países na Europa e nos Estados Unidos, dos quais participaram 1.001 clientes adultos portugueses.

O inquérito concluiu os portugueses são o terceiro povo mais ansioso com as finanças pessoais, com 38% a referir que se trata de uma grande preocupação, depois da saúde (55%) e da família (46%). Só os gregos (56%) e os consumidores da República da Irlanda (42%) se mostram mais ansiosos com as respectivas finanças pessoais.

“O facto de os consumidores portugueses se sentirem ansiosos do ponto de vista financeiro não é uma surpresa”, disse Sarunas Legeckas. “Os bancos têm deixado os clientes para trás há já muitos anos – impondo complexidades e comissões desnecessárias. Este é um novo mundo para as finanças pessoais, diferente de tudo o que vimos nas últimas gerações”, adiantou.

O inquérito concluiu também que 74% dos portugueses se sentem “sob pressão”, “tristes”, “confusos” ou “nervosos” sobre as suas finanças, sendo que 36% referiram estarem “aliviados”, “contentes” e até mesmo “em controlo”.

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