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Covid-19: Clientes da Boeing cancelaram encomendas de 150 aviões em março

As encomendas canceladas à construtora aeronáutica norte-americana ocorreram exclusivamente em relação ao polémico modelo 737 Max, que estão colados ao chão desde março de 2019 devido a dois acidentes fatais que provocaram a morte de 346 pessoas.
  • Justin Lane / EPA
18 Abril 2020, 19h44

As companhias aéreas clientes da Boeing cancelaram encomendas de 150 aviões durante o passado mês de março, em resultado da paragem global da economia provocada pelo coronavírus.

Segundo a CNN, as encomendas canceladas à Boeing ocorreram exclusivamente em relação ao polémico modelo 737 Max, que estão colados ao chão desde março de 2019 devido a dois acidentes fatais que provocaram a morte de 346 pessoas.

Estes cancelamentos vêm agravar ainda mais a já difícil situação económico-financeira da construtora aeronáutica norte-americana.

Desde há cerca de um ano que a Boeing está a lutar para solucionar os problemas de navegação detetados nos dois acidentes aeronáuticos ocorridos.

A Boeing divulgou a ocorrência de 31 encomendas de aviões a jato no passado mês de março, mas 18 deles são para a componente aeronáutica militar e um para carga aérea, para a empresa de distribuição expresso FedEx. As restantes 12 encomendas são para a companhia aérea japonesa ANA e respeitam ao modelo 787 Dreamliner.

A Boeing já havia comunicado o cancelamento de 41 encomendas para o 737 Max no mês de fevereiro. A empresa irlandesa Avalon também já revelara o cancelamento da encomenda de 75 aviões adicionais deste modelo no princípio deste mês, as quias estao incluídas no pacote de 150 cancelamentos anunciados pela Boieng na passada terça-feira, dia 14 de abril.

Outras 34 encomendas deste modelo de avião da Boeing foram canceladas em março pela companhia aérea brasileira GOL, que já tinha descartado anteriormente outros 129 aviões solicitados à construtora aeronáutica norte-americana.

Também a SmartWings, subsidiária da Lufthansa que vai descontinuar a sua atividade em função do impacto da pandemia, cancelou a compra de cinco 737 Max.

Até ao momento, a Boeing não revelou quais as companhias aéreas ou empresas de ‘leasing’ aeronáutico civil que cancelaram as outras 36 encomendas deste modelo de avião.

Em paralelo, a Boeing está a enfrentar uma paragem temporária da produção de aviões para o segmento comercial nas suas unidades de produção nos Estados Unidos devido ao coronavírus.

“Estamos a trabalhar de perto com os nossos clientes, a maioria dos quais está a enfrentar significativas pressões financeiras, para revermos os seus planos de frota e fazer ajustamentos quando for apropriado”, assegurou a Boeing num dos últimos comunicados.

Neste momento, o número total de aviões comerciais na carteira de encomendas da Boeing deverá rondar os cinco mil novos aviões.

A Boeing empregava 161 mil trabalhadores no início deste ano e deverá passar a ser uma empresa com menos colaboradores a curto prazo. Para esta redução da força de pessoal, a empresa está a proporcionar programas de reformas antecipadas e outros meios de rescisão voluntária dos contratos, tentando limitar a necessidade de recorrer aos ‘lay-offs’, de acordo com um memorando interno recente da autoria do CEO da construtora aeronáutica norte-americana, Dave Calhoun.

“Uma coisa é certa: irá demorar tempo para que a indústria aeroespacial possa recuperar desta crise”, disse o CEO da Boeing neste mesmo memorando.

A Boeing ainda conseguiu entregar aos seus clientes 20 novos aviões a jato no passado mês de março, mas foi forçada a parar a construção e entrega de aparelhos no decurso do mês passado, quer na sua fábrica em Washington, quer na sua unidade localizada na Carolina do Sul.

Durante a presente semana, a empresa começou a chamar de volta cerca de 2.500 empregados no estado de Washington para trabalharem na vertente aviões miltares, um setor que foi considerado crítico para a segurança dos Estados Unidos, salvaguardando a tomada de medidas, procedimentos e precauções extra para manter todos os colaboradores em condições de segurança para combater o alastramento do vírus.

Mas ainda não existe nenhuma data para regressar à produção de aviões comerciais da Boeing.

A Airbus, a outra grande rival da Boeing, anunciou na semana passada a produção de aviões comerciais em cerca de um terço do ritmo normal.

A empresa revelou que mo primeiro trimestre deste ano apenas entregou 122 dos 182 aviões previstos, em função de paragens de produção nas suas fábricas na Europa e nos Estados Unidos.

“Isto reflete pedidos dos nossos clientes, assim como outros fatores relacionados com a pandemia de Covid-19 e curso”, explicou a Airbus num comunicado nessa altura.

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