O epidemiologista Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, terminou a sua intervenção na XV Apresentação da Situação Epidemiológica da Covid-19 em Portugal com a apresentação de cenários que apontam para uma redução do número de internados em unidades de cuidados intensivos para 200 no mês de abril se as restrições iniciadas a 15 de janeiro forem mantidas durante 60 dias.
Atualmente, existem 877 pessoas em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), segundo os dados mais recentes da DGS. Em termos de internamento geral, existe um total de 6.344 pessoas infetadas com Covid-19 internadas em Portugal.
O nível mais baixo de ocupação de enfermarias e unidades de cuidados intensivos por infetados com o SARS-CoV-2 não impediria, segundo Baltazar Nunes, que o final da manutenção do confinamento ao nível de março e abril de 2020 (incluindo o fecho das escolas para ensino presencial) fizesse o índice de transmissibilidade do novo coronavírus subir novamente para 1,2 em vez do mínimo de 0,78 verificado a 3 de fevereiro.
Durante a sua apresentação, que decorreu no auditório do Infarmed, onde se encontra a ministra da Saúde, Marta Temido, com a esmagadora maioria dos outros intervenientes a acompanhar (e participar) por videoconferência, o epidemiologista do Instituto Ricardo Jorge salientou o efeito positivo das medidas de confinamento colocadas em prática no mês de janeiro. Depois de uma fase em que se verificou uma duplicação da incidência da Covid-19 a cada 15 dias, as medidas após 15 de janeiro permitiram uma redução diária de 2,1% (com redução para metade a cada 33 dias) e o segundo pacote de medidas, nomeadamente o encerramento das escolas, levou a uma redução para metade a cada nove dias.
Na evolução de incidência e transmissibilidade do SARS-CoV-2, Baltazar Nunes destacou a “redução clara da incidência” no período entre 30 de janeiro e 3 de fevereiro, com o índice a cifrar-se em 0,82 e abaixo do 1 em todo o Portugal Continental e nos Açores, situando-se em 1,13 na Madeira. Isto depois de um máximo de 1,24, registado a 4 de janeiro.
Quanto à posição relativa de Portugal na Europa, o epidemiologista destacou que, após ter iniciado o ano com um nível de mobilidade muito elevado, a entrada em vigor de novas restrições em meados desse mês levou a que fosse o país europeu com maior redução da mobilidade no retalho e lazer, com uma redução de 66%. E, apesar do nível de confinamento estar a 76% do verificado no início da primeira vaga da pandemia, em março de 2020, os inquéritos à população efetuados pelo Instituto Ricardo Jorge indicam “uma redução transversal a todos os grupos etários” nos contactos sociais.
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