Numa altura em que aumentam os novos casos diários de infecção pelo novo coronavírus , o ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, deixa o alerta: “estamos a viver, possivelmente, o momento de maior vulnerabilidade dos últimos meses. Em Portugal, não tenhamos dúvida, o número de casos positivos vai continuar a aumentar”. Ex-governante considera, por isso, que “é necessário testar os assintomáticos e, consequentemente, gerir as cadeias de transmissão a nível local com eficácia e, ao mesmo tempo, reforçar o sistema de saúde”.
O alerta de Adalberto Campos Fernandes foi feito na sua página do Facebook, onde dá conta de que “o mês de setembro apresenta uma conjugação de riscos muito séria”, numa altura em que “em muitos países da Europa e, também, em Portugal começam-se a atingir números que se aproximam dos alcançados na primeira fase”.
Segundo o ex-governante, ao longo dos últimos meses, “acomodámos a incerteza de grande parte das previsões” e, apesar de o comportamento das epidemias ser conhecido da humanidade e estudado pela ciência há séculos, “enfrentámos novos desafios”.
“Importa, por isso, prosseguir uma adequada caracterização da situação epidemiológica do país ouvindo os especialistas, nos diferentes domínios, na certeza de que entrámos numa fase muito diferente da verificada no início da pandemia”, defende, acrescentando que desde então foi muito o que aprendemos. “Vimos que a transmissibilidade do vírus, não é inteiramente controlável pelas diferentes medidas adotadas. Constatámos que a sua capacidade de propagação é muito rápida e muito intensa”, detalha.
Adalberto Campos Fernandes volta a frisa a necessidade do distanciamento, a higiene respiratória, a lavagem frequente das mãos e o uso alargado de máscaras, o qual, diz, “sendo muito importantes não excluem, por si só, o risco de infeção”.
No seu post considera que, ao mesmo tempo, ficou claro que a multiplicidade de normas da DGS tem conduzido, muitas vezes, “a resultados contraditórios de duvidosa eficácia”.
Do lado positivo, destaca ainda assim que a um número cada vez maior de infetados corresponde uma “persistente” redução da taxa de letalidade. Mas deixa o alerta: “em setembro, não devemos ignorar os factos nem desvalorizar as tendências”.
Para o ex-governante, a responsabilidade de proteger os mais vulneráveis “tem de ser exercida, não havendo mais tempo para diferir ou atrasar esta ação no terreno”.
“Em setembro, temos de fazer um esforço adicional para interiorizar que a gestão de expectativas implica um alinhamento rigoroso com os factos”, realça, considerando que nesta nova fase, a ação política terá de ser “mais ágil e correr mais riscos, tendo em vista o interesse comum”.
Adalberto Campos Fernandes defende aqui que a crise será mais facilmente ultrapassada “se a política e a ciência mantiverem a independência que eticamente lhes incumbe”, recordando que o trabalho, a escola e a economia precisam das pessoas.
“A necessidade absoluta de retoma das atividades sociais impõe pragmatismo e eficácia na ação. Em setembro, a política deve continuar a ouvir a ciência sem esquecer, no entanto, que é a ela que cabe tomar as decisões, sempre que possível, baseadas na melhor evidência. A nós todos, cidadãos, bastará o cumprimento das regras simples que nos protegem a todos”, conclui no seu post.
Portugal conta com um total de 64.596 casos confirmados da Covid-19, mais 613 face ao dia anterior, revela o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado esta segunda-feira, 14 de setembro. O número de vítimas mortais do novo coronavírus no país aumentou para 1.871, registando-se quatro vítimas mortais nas últimas 24 horas.
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