A situação do novo coronavírus é preocupante e obriga a um esforço individual e colectivo para que as suas proporções não sejam ainda mais graves. Ao mesmo tempo que surgem novos casos, surge também uma multiplicação de recomendações que se misturam com opiniões, desinformações e até notícias falsas.

O seu a seu dono. Cabe ao especialistas pronunciar-se e aconselhar. Em Portugal não surgiram centenas de epidemiologistas nos últimos dias formados à pressa apenas porque nas redes sociais circula muita informação, frequentemente questionável.

É importante e legítimo mantermos as nossas opiniões e sentido crítico, questionarmos e até exigirmos medidas concretas, mas há uma responsabilidade social em não criar alarmismos.

Não é tempo de criar pânico nem alarme social. É tempo, sim, de informação, de apoio e de adopção de medidas efectivas e concretas. Se está na mão dos decisores, que decidam o que se impõe, sem hesitações e sempre com a salvaguarda da saúde pública no topo das prioridades. Neste momento, é isso que importa, sem facilitismos e sem desresponsabilizações.

As medidas podem ser exigentes, e sê-lo-ão ainda mais. Terão impactos, não serão fáceis e nem todos gostarão, mas não se pode exigir menos nesta altura.

Esta pandemia tem evidenciado o reconhecimento e a valorização que todos os homens e mulheres que estão na linha da frente deste combate merecem, sendo de sublinhar o trabalho extraordinário e exemplar dos profissionais de saúde, sem esquecer também todos aqueles que diariamente permitem que a vida se vá mantendo com alguma normalidade.

A ameaça colectiva que vivemos vem, desde logo, reforçar a necessidade de estarmos dotados de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) sólido e robusto, que seja capaz de dar resposta a este surto, mas também às situações que continuam a surgir no dia-a-dia.

Por mais voltas que alguns pretendam dar, há um dado a que não é possível fugir: quanto mais fortalecido estiver o SNS, mais adequada será a resposta a situações como a que hoje vivemos.

A verdade é que ainda não há uma fórmula mágica para resolver no imediato este problema. Temos de ser pacientes, perseverantes, conscienciosos e solidários. A nossa maior preocupação deve ser minimizar os riscos de contágio e garantir os meios adequados aos profissionais de saúde.

Têm surgido justas homenagens aos profissionais de saúde que deverão levar muitos a reflectir quando há greves ou outras acções reivindicativas, pois melhores condições de trabalho para os profissionais do SNS, representam melhores condições para tratar qualquer um de nós. Essa luta é também por nós e pelo nosso direito à saúde. Que esta solidariedade e reconhecimento tenham vindo para ficar.

Este é também o tempo de todos serem chamados a responder a este desafio. Acima de tudo, perante situações adversas, importa unir esforços e actuar em conjunto, pois cada um de nós pode fazer a diferença.

O tempo deve ser de união e de esforço individual e colectivo, pois a ameaça também é colectiva. O tempo não pode ser de aproveitamentos, políticos ou de outra natureza, pois é de vidas e da nossa sobrevivência que falamos, e não pode valer tudo.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.