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CPLP é mais do que a língua portuguesa e África pode servir o mundo

O Presidente da República de Angola, João Lourenço, esteve na manhã de hoje no 8.º Fórum EurAfrican, promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa na Universidade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos (Lisboa), onde foi o orador convidado para a ‘Conversa com os Presidentes’, que encerrou o evento, num diálogo com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
26 Julho 2025, 15h18

O presidente angolano declarou hoje, em Lisboa, que a CPLP é mais do que a língua portuguesa, é cultura e trocas comerciais entre os Estados-membros e que África tem potencial para servir o mundo, com o devido investimento.

O Presidente da República de Angola, João Lourenço, esteve na manhã de hoje no 8.º Fórum EurAfrican, promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa na Universidade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos (Lisboa), onde foi o orador convidado para a ‘Conversa com os Presidentes’, que encerrou o evento, num diálogo com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Para o chefe de Estado angolano e também atual detentor da presidência rotativa da União Africana (UA), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “é mais do que a língua portuguesa, é cultura, trocas comerciais entre os Estados-membros” e a própria diversidade da língua portuguesa, em termos de sotaques pelo globo, são um “enriquecer da mesma”.

O chefe de Estado português considera a CPLP um projeto que tem influência nos diversos continentes e que pode ser uma ponte entre instituições como a União Africana e a União Europeia, que tem como presidente do seu conselho o ex-primeiro-ministro português António Costa.

“Sabem quem é que desencadeou as cimeiras da União Europeia com África? Portugal. Primeiro em 2000, depois em 2007 e agora a próxima vai ser em Angola”, na capital, entre 24 e 25 de novembro, indicou Marcelo Rebelo de Sousa.

Para o presidente da UA, o potencial de Angola e do continente africano, de uma forma geral, não se restringe ao seu potencial humano, ao ter uma população jovem que simboliza o futuro.

“Em relação a África, penso que não nos deveríamos limitar a falar do potencial demográfico. É um facto que África é um continente essencialmente jovem (…) está em vantagem em termos de força de trabalho que pode servir o continente e o mundo”, frisou João Lourenço.

“Portanto, a Europa devia olhar para ele [potencial demográfico] com outros olhos, investir em África, até para evitar que os jovens africanos atravessem o [mar] Mediterrâneo e cheguem à Europa nas condições que conhecemos. Se o investimento for feito em África, não só eles vão servir o continente, como vão servir o resto do mundo, servir a Europa, em melhores condições, mais qualificados, portanto, para ocuparem, digamos, o mercado de trabalho”, reiterou.

Sobre o investimento chinês no continente, o Presidente angolano argumentou que a Europa está em África há cinco séculos e que a China chegou há poucas décadas, por isso, o ‘velho continente’ deveria tirar maior partido dessa vantagem de “ter chegado primeiro”.

“A Europa poderia tirar um melhor proveito, no sentido de serem retiradas vantagens mútuas, do facto de conhecer melhor o continente africano, porque sempre esteve em África”, declarou o chefe de Estado africano.

João Lourenço frisou que África precisa de investimento em infraestruturas e que, dessa forma, pode solucionar dois problemas mundiais: a fome e a crise climática.

Por um lado, o continente possui as maiores reservas de minerais raros, essenciais para a energia verde e, por outro, “pode ser o celeiro do mundo”.

No entanto, o chefe de Estado reiterou que a falta de investimento faz com que o continente não esteja a evoluir da forma como ambiciona, o que justifica o facto de ainda não se ter conseguido implementar uma zona de comércio livre em África.

“Ainda não conseguimos cumprir com uma das decisões, das mais importantes, da União Africana: da criação da zona de livre comércio continental. Mas só haverá comércio entre os nossos países se existir a possibilidade de locomoção, de mobilidade de pessoas e de bens, o que infelizmente não acontece atualmente”, lamentou.

Na sua opinião, África só se vai desenvolver se investir “fortemente em energia, na sua produção e distribuição”, em meios de transportes e na industrialização.

Por fim, o chefe de Estado angolano frisou que para se atrair investimento é preciso “criar bom ambiente de negócios” e convencer os investidores “que só têm a ganhar se o fizerem”.

Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

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