Este ano a compra e venda de habitação em Portugal está, como nunca antes, debaixo de uma grande pressão, pelo contexto em que vivemos. O processo que antes exigia tanta presença fisica e contacto com vários intervenientes, vê-se agora frente a limitações de contato fisico, outrora essenciais para estabelecer confiança. Longe vão os tempos em que o digital era uma realidade do futuro e em que era difícil imaginar a tecnologia a sobrepor-se à presença física, e ainda mais impensável se falarmos da decisão e processo de compra de casa.
Este setor esteve à altura do desafio e soube encontrar soluções seguras para todos os intervenientes poderem continuar a desempenhar o seu papel, em vista à manutenção de alguma normalidade no mercado, pelo menos no que toca à concretização de negócio. Certo é que novos hábitos foram criados e hoje impõe-se dar continuidade a esta via rápida da digitalização e o novo foco está na agilização do processo de crédito habitação – um desafio dos tempos modernos, uma realidade impulsionada pela recente pandemia que assolou o mundo.
O período de quarentena veio trazer a toda a economia enormes desafios: famílias confinadas, uma tendência menor para o consumo, grandes pólos de compras inactivos e uma paralisação de diferentes sectores. Só no que concerne à compra de casa é que assistimos a um curioso fenómeno: apesar de o crédito habitação ter caído em termos mensais, continua a revelar um crescimento significativo em termos homólogos.
No mês de abril foram financiados 831 milhões de euros para a compra de casa, menos 12,71% do que no mês anterior, mas mais 3,49% do que há um ano, representando a maior fatia de financiamento das famílias em Portugal. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2020, a atribuição de crédito para a compra de casa somou os 3.679 milhões de euros, mais 16,72% do que os 3.152 milhões de euros do período homólogo do ano passado. O valor médio de avaliação bancária sobiu nos últimos meses, o que significa que o imobiliário continua a ser um investimento em que as familias confiam as suas poupanças.
O que nos obriga a uma importante reflexão: se os resultados de acesso ao crédito e procura de casa, na conjuntura atual, provam que o dinamismo potencial do sector se mantém como que num estado paralelo ao da pandemia, o sector tem de encontrar formas de ir ao encontro desse potencial, procurando eliminar do processo de decisão do comprador os obstáculos que atualmente podem condicionar a sua concretização.
É neste contexto em que, como já anteriormente acontecia, o comprador faz a pesquisa de casa online – e agora ainda mais intensamente porque tem mais disponibilidade para fazê-lo a partir de casa –, que soluções que possam disponibilizar ao cliente uma pré-aprovação do crédito habitação ou conhecer o montante de empréstimo que pode ser financiado e adequar a procura de casa a esse valor são essenciais. Uma solução única para não adiar ou desistir de imediato da compra de casa, mesmo quando a conjuntura é imprevisível e complexa.
Agilizar o acesso ao crédito antes de escolher a casa é uma forma de avançar com o processo e ganhar tempo, sobretudo nos momentos em que a disponibilidade ou capacidade para visitas é menor. Além disso, nos dias que correm, a facilidade com que todo o processo pode decorrer a nível digital representa muito mais do que uma mais valia – trata-se de uma adaptação à natureza dos nossos dias e ao ADN de quem procura, por exemplo, a sua primeira habitação.
Libertar o cliente da necessidade de reuniões presenciais e rentabilizar o seu tempo e recursos com entrega de documentação digital é apenas o primeiro passo para esta “revolução”. A sua relação com os bancos tradicionais e o ecossistema de pagamentos e operações há muito que mudou e o processo de crédito à habitação tem que acompanhar essa mudança. Não pode continuar a ser um processo moroso, burocrático, penoso.
Comprar casa é cada vez mais um processo conduzido à distância, com menos deslocações, tirando partido do que de melhor as tecnologias têm para oferecer. Um dos efeitos desta pandemia foi por isso uma conversão (sem retorno) à digitalização. É certo que era um caminho que já estava a ser percorrido, mas havia fases do processo que todos consideravam demasiado complexas para serem facilmente digitalizadas, e que em semanas se tornaram a realidade. Querer é poder, já diz o ditado. E uma coisa é certa: nada será como dantes.
De um processo focado em reuniões presenciais e em visitas a muitas casas, passámos para uma realidade em que as pessoas só se encontram pessoalmente se for essencial e só visitam as casas que querem mesmo comprar. É um novo mundo, mais distante, mas também mais rápido e cómodo.