A temática de Environmental, Social and Governance (ESG) tem assumido uma relevância crescente no Sector Financeiro fruto de novas expectativas por parte de clientes e demais agentes de mercado, da maior consciencialização da magnitude de riscos implícita e do imperativo de tornar os modelos de negócio mais resilientes.

O tema ESG abrange três categorias amplas de riscos e oportunidades:
Environmental – em torno das emissões de gases de efeito estufa, uso de água e resíduos e poluição. Focando-se na sustentabilidade dos recursos que a organização precisa para alimentar seus processos.
Social – em torno das relações com os colaboradores, diversidade, saúde e segurança e apoio à comunidade (tratamento imparcial dos colaboradores, adequabilidade da remuneração e das condições de trabalho, impacto e apoio à comunidade).

Governance — em torno dos direitos dos acionistas, diversidade do Conselho de Administração (CA), tomada de decisões mantendo transparência e altos padrões éticos, mitigação da corrupção e do suborno.
O incremento da relevância da informação ESG na tomada de decisões pelos investidores tem crescido, no que concerne à avaliação dos modelos de negócio, estratégia, definição de objetivos e de captação dos impactos causados pelas alterações climáticas.

O esforço de convergência para os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável pelas Nações Unidas (UN), tem sido reforçado pela publicação de guidelines por diversas task-forces a nível global, entre as quais Taskforce on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO) e Reguladores, promovendo o desenvolvimento de normas relacionadas com a identificação, a gestão e reporte de informações materiais de sustentabilidade e a criação de planos de ação para integração do ESG ao nível de exercícios supervisão como o SREP (European Banking Authority – EBA).

Essas linhas de orientação estão a impulsionar exercícios de reflexão estratégica nas Instituições Financeiras sobre as atuais práticas de desenvolvimento do negócio, reavaliação da cadeia de valor, produtos e serviços, revisão dos modelos de pricing e de gestão de risco, determinação de novos de indicadores chave e modelos de reporte associado.

A recente crise pandémica (covid-19) tem sido um alerta de como o futuro é realmente incerto e que, às vezes, os resultados podem ser muito severos. A crescente de ocorrência fenómenos naturais, com profundos impactos na sociedade e disrupção da atividade financeira, traduzem-se em impactos reputacionais e perdas significativas que, até à data, ainda não estão a ser capturadas na sua plenitude nos modelos de gestão.

Neste contexto torna-se imperativo as Instituições financeiras promoverem dinâmicas de desenvolvimento que contemplem:
l A definição e determinação dos fatores ambientais, sociais e económicos a reportar
l construção de abordagem robusta para a análise dos riscos e oportunidades das alterações climáticas e da transição para um futuro descarbonizado;
l e incutir disciplina nos processos e controlos não financeiros e promova maior confiança nos dados reportados aos investidores.

Por seu turno a Auditoria Interna, assume um papel de especial relevância na adoção do ESG, nomeadamente:
l no apoio consultivo ao CA e restantes órgãos diretivos, ao nível do self-assessment das práticas de Governance, testando o alinhamento entre a estratégia e os objetivos definidos no âmbito dos riscos ESG;
l na avaliação da consistência dos relatórios elaborado (externos e internos), relativamente aos aspetos relacionados com o ESG;
l na criação de confiança ao nível dos diferentes stakeholders, através da avaliação do processo de difusão da cultura do risco, da realização de exercícios de benchmarking e compilação de insights de referência em relação aos riscos de ESG;
l na sugestão de melhorias na gestão dos riscos e oportunidades de negócio, adequação de controlos e eficácia operacional como um todo.

Torna-se essencial que a Função de Auditoria Interna compreenda o estado atual do desenvolvimento do tema ESG nas suas organizações, em particular, e assuma um papel de agente ativo na disseminação de boas práticas em estreito alinhamento com as expectativas da gestão do CA, Supervisores, Clientes e demais stakeholders.