Por estes dias, participei, a convite da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, no seu congresso nacional, dedicado ao tema “Portugal: Crescimento ou Estagnação? A resposta está nas empresas!”. No início de um novo ciclo político, que necessita mais do que nunca de consensos partidários para bem do país, o tema não poderia ser mais oportuno.
Em pleno século XXI, a economia portuguesa estagnou com uma taxa de crescimento média de 0,5% ao ano. A manter-se este crescimento anémico, Portugal corre o risco de definhar. Irreversivelmente. Este “poucochinho” que estamos a crescer é manifestamente insuficiente e ainda resulta muito do sacrifício e do esforço dos portugueses, esmagados pelos anos de gerigonça, por uma brutal carga fiscal que acumulou recordes ano após ano: de 34,3% do PIB em 2017 para 35,4% do PIB em 2018.
Na verdade, Portugal precisa de mais e melhor crescimento, que sustente salários justos e dignos, que aumente a competitividade da nossa economia e das nossas empresas. Que garanta um futuro aos portugueses. Este crescimento deve tornar-se um imperativo nacional, envolvendo todos os agentes, públicos e privados. Só assim é possível garantir uma economia mais robusta, competitiva e sustentável.
Este será o maior desafio à democracia portuguesa nesta legislatura. A responsabilidade compete ao Governo dos 69 – 19 ministros e 50 secretários de Estado –, que tem forçosamente de encontrar consensos neste desígnio para não comprometer o futuro do país. Ao escolher estes 69 cidadãos, talvez António Costa não tenha pensado no crescimento do Governo (mas 15% de membros do que o anterior), mas sim na necessidade de ter um governante nomeado por quase três deputados eleitos pelo povo, para conseguir consensualizar melhor para as reformas estruturais necessárias, na busca de estabilidade política e do crescimento económico.
Com 69 governantes será mais difícil ao primeiro-ministro esse trabalho de diálogo e de concertação de energias para que o poder executivo entenda, reconheça e apoie a importância que as empresas desempenham no desenvolvimento do país. A fórmula é aparentemente simples: na agenda que se impõe para os próximos anos, a prioridade deverá ser libertar a economia da burocracia e da carga fiscal, apostar na criação de riqueza, abolir a pobreza e oferecer salários justos e dignos aos portugueses.
O que António Costa e os seus 69 governantes não podem fazer (ou continuar a fazer) são as promessas sem concretização que caracterizaram os anos da gerigonça. O povo português está cansado desta ementa de ilusões e receia o futuro. O próprio Presidente da República já antevê que os “infortúnios” possam chegar “mais cedo do que o esperado”.
Urge, pois, alterar o menu, com a maior brevidade. Portugal não pode continuar estagnado, sob pena de ser tarde demais. Os avisos surgem de todos os lados, só não vê quem não quer ver. Mãos à obra, 69!