O diretor do gabinete da AICEP em França, Rui Paulo Almas, considera que a aceleração da otimização de recursos por parte das empresas francesas pode levar algumas a escolherem instalar-se em Portugal no pós-pandemia.
“Esta crise da covid-19, do ponto de vista do investimento, pode ser uma boa oportunidade para Portugal. Portugal já era um destino importante para o investimento francês, mas no contexto atual temos visto interesse”, afirmou Rui Paulo Almas, diretor da delegação da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) em França, em entrevista à agência Lusa.
Com as exportações a crescer 6,6% ao ano e o investimento francês a aumentar, a França era um dos mercados mais atrativos para as empresas portuguesas e fonte de novos investimentos para a economia portuguesa antes da pandemia.
Segundo Rui Paulo Almas, as condicionantes da covid podem vir a incentivar o investimento francês em Portugal devido à pressão europeia para encurtar as cadeias de produção e trazer de novo para o velho continente a produção dos setores estratégicos.
“A covid mostrou que cadeias de produção mais alargadas num cenário como este têm o risco de as empresas pararem, porque estão dependentes de fornecedores que estão localizados em mercados longínquos, e há um novo discurso em França e na União Europeia que é tentar localizar nas proximidades setores estratégicos”, indicou.
Assim, a AICEP em França está a olhar para empresas em setores como “bens de equipamento, setor da saúde, business services e alguns setores nas tecnologias da informação”, tentando atraí-las para Portugal.
E o país terá vantagens óbvias neste contexto. “Nós temos talento, jovens muitos bem formados e muito boas universidades, boas infraestruturas, proximidade cultural e há já muito bons exemplos de investimento francês em Portugal”, sublinhou o diretor.
Por enquanto, as visitas são apenas virtuais, mas a AICEP vai ao detalhe e tem mesmo promovido visitas virtuais a possíveis locais de instalação de fábricas e escritórios, pondo depois as empresas francesas em contacto com autoridades locais ou agências de recrutamento.
Do lado das exportações, mesmo com os setores tradicionais como a construção civil a ressentirem o impacto da crise, Rui Paulo Almas considera que também há oportunidades para as empresas portuguesas como o e-commerce, que se tem vindo a desenvolver em terras gaulesas, e mais produtos portugueses nestes novos mercados ‘online’.
“Claro que quando olhamos para as exportações, tanto de Portugal, como Espanha ou Itália, há uma quebra neste período. Mas no caso português, que temos um mercado com dimensão pequena, as empresas têm de olhar para mercados externos e mais relevantes”, referiu, indicando que a AICEP tem vindo a desenvolver ‘webinars’ para as empresas que desejam explorar novas oportunidades em França.
Outro aspeto importante para as empresas portuguesas em França são as feiras-plataforma, que se realizam normalmente em Paris e nos seus arredores, onde se ditam as tendências dos vários setores e que, devido à covid-19, foram anuladas ou realizadas em linha.
O diretor da AICEP em França tem esperança que caso não haja uma segunda vaga da pandemia, algumas feiras “voltem no segundo semestre”, embora com uma grande parte dos visitantes a serem europeus e não com um público global como acontecia até agora.
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