Numa manhã marcada pelo tema da inteligência artificial, Cristina Rodrigues, administradora-delegada e membro do Conselho de Administração da Capgemini, que conhece bem esta área, decidiu “tentar ser um bocadinho disruptiva” e abordar um tema a que nem sempre se presta a devida atenção, ainda que seja essencial para todos: O ambiente.
Durante a segunda edição da Forbes Annual Summit, Cristina Rodrigues começou por lembrar as catástrofes que a Europa tem enfrentado. As cheias em Valência, a tempestade Boris ou os incêndios no final do verão em Portugal.
“Temos uma crise enorme, que são as condições que temos tido em termos de ambiente. Estão a aparecer todos os dias no nosso horizonte estas catástrofes e nós temos de estar mais atentos”, disse, realçando que apesar de reagirmos às notícias no momento, acabamos por nos esquecer muito rápido dela.
O que a leva a sublinhar a necessidade de as empresas terem uma visão mais sustentável. “Quero dar o melhor benefício aos meus colaboradores, quero atrair e reter, vou escolher o melhor seguro, um ginásio. Mas temos de pensar também nestes benefícios [em prol do ambiente]. Se não pensarmos neles vamos ter um problema para as outras gerações, para os nossos filhos”, defendeu.
E os problemas não se ficam por aqui. Cristina Rodrigues realçou também a escassez de alimento, que pode vir a ser um problemas até para quem hoje pensa que essa realidade está muito longe. “Se dissermos que em 2040 vamos precisar de 40% de bens alimentares, onde os vamos arranjar? Eles têm de estar no sítio certo. Isto vai ter impacto na pobreza, no crescimento económico, na inflação
Isto às vezes não nos dá jeito falar, mas se não mudarmos esta situação então teremos um tema ainda pior”, disse.
É com isto em mente que a Capgemini está a trabalhar. Segundo os últimos resultados da empresa, “96% da energia utilizada é renovável, houve uma redução de 44% do uso da água e de 69% da produção de lixo”, sendo que tudo o conseguem poupar serve para redistribuir.
Algumas das soluções apresentadas passam pela utilização de sensores inteligentes, que quando instalados numa determinada região conseguem dar informações como as horas em que vai chover ou fazer sol, permitindo um melhor aproveitamento de sistemas de rega, por exemplo, e um crescimento mais sustentável dos produtos. A economia circular, como o trabalho que fazem com a EDP. E no limite, o recurso a laboratórios para “produzir o que não estamos a conseguir produzir”.
“Temos de criar comportamentos. Só se consegue se explicarmos isto como se fosse a um miúdo de 5 anos: Eu vou fazer isto e o meu retorno vai permitir fazer isto. A tecnologia só consegue transformar se tivermos processos bem feitos, as empresas conscientes do que querem fazer, parceria com startups que lhes trazem escala e um valor enorme para nós [empresas grandes]. A tecnologia vem colar todos estes projetos. Nós como cidadãos somos a cola e motor destes desafios que temos”, conclui.
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