O tempo é uma variável indispensável em muitos trabalhos de investigação e estudos experimentais. O tempo é indispensável para a consolidação de conhecimento. O tempo é crítico para a tomada de decisão. O tempo é decisivo no humor e para uma boa piada. O tempo é fundamental para recuperarmos. O tempo é relativo. Desde o tempo que passa a voar para uns e nalguns momentos, para o tempo que nunca mais acaba. Há quem diga que tem muito tempo e há quem se queixe de não ter tempo para nada. E até existem bancos de tempo. Há trovas sobre o tempo que passa e quem rogue a que o tempo volte para trás. Não há música sem tempo. Tempo é dinheiro. E… o tempo é limitado para os seres vivos como nós.

A gestão do tempo passou a constar da formação nas escolas de negócios. Saber gerir o tempo, o próprio, o dos outros, o da organização passou a ser uma resposta para a necessidade de mais produtividade. Uma equipa multicultural de uma empresa global enfrenta dificuldades em cumprir prazos porque os membros de culturas policrónicas (e.g., América Latina) tendem a ser mais flexíveis com horários, enquanto os de culturas monocrónicas (e.g., Alemanha) priorizam rigor na pontualidade.

Uma gestora que agenda reuniões sem intervalo ao longo do dia sente dificuldade em concluir tarefas importantes e começa a experimentar stresse crónico e insónias. Durante o planeamento de um projeto, um líder insiste em reuniões diárias curtas para manter a equipa focada no progresso rápido. Contudo, alguns membros da equipa sentem que não têm tempo suficiente para refletir e discutir ideias profundamente, o que reduz a criatividade. Numa empresa de desenvolvimento de software, os programadores notívagos apresentam melhor desempenho quando os horários são ajustados para permitirem trabalhar à tarde/noite. Uma empresa de tecnologia enfrenta uma concorrência inesperada devido ao lançamento de um produto inovador por um rival. A direção decide, sob pressão, apressar o lançamento de uma nova funcionalidade, reduzindo o tempo de testes para encurtar o prazo. Como resultado, o produto chega ao mercado com falhas técnicas significativas, o que prejudica a confiança dos clientes e a reputação da marca. Um CEO de uma startup decide dedicar 15 minutos diários para conversas informais com diferentes membros da equipa. Esses momentos criam um senso de proximidade e confiança, resultando em maior motivação e melhor comunicação entre os trabalhadores.

Para uma boa gestão do tempo o desenvolvimento pessoal é essencial. Se é um líder ou pretende sê-lo, mais ainda. O autocontrolo permite-lhe evitar distrações, como redes sociais. O autoconhecimento ajuda-o a reconhecer que trabalha melhor de manhã e a reservar esse período para tarefas mais desafiantes. A regulação emocional ajuda-o a lidar com contratempos sem uma crise de ansiedade. A empatia facilita a delegação eficaz de tarefas ao resto da equipa, evitando sobrecarga. A boa gestão do tempo permite que cumpra prazos, reduza o stresse e ainda tenha tempo para autocuidado, promovendo o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Neste tempo de festividades, família e reflexão, se é um líder, ofereça a si mesmo tempo para cuidar de si e para o seu desenvolvimento pessoal. Quem trabalha consigo agradece. A sua organização disso vai beneficiar. É o correcto. E vai fazer-lhe bem à saúde.

O tempo aqui também passou e com ele o fim destes artigos de opinião que com ele vieram e agora terminam. Eram crónicas de fim anunciado.

Hoje despeço-me deste espaço em que escrevo regularmente, desde Março de 2020, enquanto Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, cargo que agora deixarei ao fim de oito anos. Cargo político, mas que neste caso também de gestão. Fi-lo uma vez por mês.

Tal como cada dia nos oferece um tempo limitado, também este cargo teve o seu. Aproveitei-o com toda a dedicação possível e agora é tempo de passagem. Que cada um de nós use bem o tempo que lhe é dado, na vida, no trabalho e, sobretudo, para si próprio, na relação com os outros.